LOCAL: Capela Beato João Paulo II
TEMA: O SACRAMENTO DO BATISMO E SEUS
EFEITOS
"Ide, pois, fazei que todos os povos se tornem meus discípulos,
batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-as a
observar tudo quanto vos ordenei" (Mt 28,19-20).
BATISMO: SELO INDELÉVEL DE DEUS
“O "selo do
Senhor" ("Dominicus character")
é o selo com o qual o Espírito Santo nos marcou "para o dia da
redenção" (Ef 4,30). "O Batismo, com efeito, é o selo da vida
eterna." O fiel que tiver "guardado o selo" até o fim, isto
é, que tiver permanecido fiel às exigências de seu Batismo, poderá caminhar
"marcado pelo sinal da fé", com a fé de seu Batismo, à espera da
visão feliz de Deus - consumação da fé - e na esperança da ressurreição.” (CIC
1274)
O ÚNICO SACRAMENTO INDISPENSÁVEL PARA A
SALVAÇÃO
Na tradicional relação estabelecida por São Tomás, o Batismo, novo
nascimento espiritual, é o primeiro dos sete Sacramentos. Mas ele o é também do
ponto de vista da necessidade, pois é o único
Sacramento indispensável para cada um de nós, individualmente, alcançarmos
a Bem-aventurança eterna.
Assim o afirma com toda precisão o próprio São Tomás: "É
pois, claro, que todos são obrigados ao Batismo e que, sem ele, não pode haver
salvação para os homens". E mais bela e claramente ainda o próprio
Nosso Senhor: "Se alguém não renasce na água e no Espírito Santo, não
pode entrar no Reino dos Céus" (Jo 3, 5).
Ora, "convém à misericórdia de quem ‘quer que todos os homens se
salvem', que permita encontrar-se facilmente o remédio para a salvação". Daí que a matéria do Batismo seja uma matéria comum, a água, que
qualquer um pode obter. E daí também que o ministro do Batismo, em
circunstâncias excepcionais, possa ser qualquer pessoa, mesmo um não ordenado,
homem ou mulher, e até mesmo um herege ou um pagão. Para o Sacramento ser
válido, a Igreja só exige que seja utilizada a matéria do Sacramento, observada
a forma e aplicada a intenção de fazer o que Ela própria faz, abstraindo de
qualquer heresia ou infidelidade.
Convém não esquecer que a necessidade deste
Sacramento, conforme explica Besson, "é consequência dos efeitos
do Pecado Original e das restituições prometidas pelo Homem-Deus".
Cada um de nós pecou em Adão, e a morte entrou em nossa alma com o
pecado; do mesmo modo, cada um de nós foi salvo no novo Adão, e para que a vida
dEle entre na nossa alma é preciso que recebamos a graça do Batismo.
Por isso, pouco tempo após seu nascimento, a criança é levada às fontes
batismais por um padrinho que responde por sua Fé, e curva sob a água santa sua
fronte ainda marcada com o pecado original. Consumado o rito, a criança
ergue-se livre, inocente e imaculada, com o indelével sinete da ordem
sobrenatural. Era escrava, e seus grilhões foram quebrados; estava morta, e foi
ressuscitada.
A PAIXÃO DE CRISTO É COMUNICADA AO NEÓFITO
As consequências desta doutrina têm um alcance maior do que se pensa, a
ponto de São Paulo afirmar que pelo Batismo, o crente comunga na morte de
Cristo, é sepultado e ressuscita com Ele. Sobre isto, comenta São Tomás: "Pelo
Batismo somos incorporados na Paixão e Morte de Cristo. Diz Paulo: ‘Se estamos
mortos com Cristo, cremos que também viveremos com Ele'.
Demonstra-se assim que a todo batizado a Paixão de Cristo é comunicada
para servir de remédio, como se ele próprio tivesse sofrido e morrido. Ora, a
Paixão de Cristo é satisfação suficiente para todos os pecados de todos os
homens. Por isso, quem é batizado, é liberto do reato de toda pena devida por
seus pecados, como se ele próprio tivesse oferecido uma satisfação suficiente
por todos os seus pecados".
Em seu livro Somos hijos de Dios, o padre Royo Marín enumera
sete, com a precisão própria do teólogo. O Catecismo da Igreja Católica, sob
uma focalização mais pastoral, afirma serem principalmente dois: a purificação
dos pecados e o novo nascimento no Espírito Santo.
Pouco há a afirmar em relação ao primeiro deles, senão que a purificação
é tão completa que "todos os pecados são perdoados: o pecado
original e todos os pecados pessoais, bem como todas as penas do pecado".
Mas além de assim limpar a alma, este Sacramento "faz do
neófito uma criatura nova, um filho adotivo de Deus que se tornou participante
da natureza divina, membro de Cristo e co-herdeiro com Ele, templo do Espírito
Santo".
Com efeito, o Batismo nos torna membros do Corpo de Cristo e nos
incorpora à Igreja. Através dele, a vida de Jesus Cristo circula em todo o
Corpo, levando Sua graça capital a todos os membros e permitindo-lhes alcançar
a graça e as virtudes: "Da cabeça que é Cristo deriva sobre Seus
membros a plenitude da graça e da virtude, conforme o Evangelho de João: ‘De
Sua plenitude todos nós recebemos' (Jo 1, 16)".
Assim, na ordem da satisfação, da redenção, do mérito, da oração, do
sacerdócio: tudo se tornou comum entre Jesus Cristo e nós, porquanto a Igreja
inteira, Corpo Místico de Jesus Cristo, pode ser considerada como uma só pessoa
com Ele, conforme ensina São Tomás de Aquino.
SETE MARAVILHOSOS EFEITOS DO
BATISMO
O Sacramento do Batismo produz, naquele que o recebe, uma série de
divinas maravilhas. Eis as principais:
1) Infunde a graça santificante, com o matiz especial de graça
regenerativa, que é a própria do batizado, tornando- o capaz para a recepção
dos demais Sacramentos.
2) Converte o batizado em templo vivo da Santíssima Trindade, pela
divina inabitação em todas as almas em estado de graça.
3) Infunde o germe de todas as virtudes infusas e os dons do Espírito
Santo.
4) Torna-o membro vivo de Jesus Cristo, como ramo da divina Videira (Jo
15, 5).
5) Imprime o caráter batismal, o qual o torna membro vivo do Corpo
Místico de Jesus Cristo, que é a Igreja, e lhe dá uma participação real e
verdadeira (embora incompleta) no sacerdócio de Jesus Cristo. Esta participação
sacerdotal se aperfeiçoa com o caráter do Sacramento da Confirmação e se
completa com o caráter do Sacramento da Ordem.
6) Apaga totalmente da alma o pecado original e todos os pecados atuais,
antes cometidos; esses pecados não são apenas cobertos, mas apagados de fato, e
de forma definitiva. Assim o definiu expressamente o Concílio de Trento (D n.
792).
7) Perdoa toda a pena devida pelos pecados, tanto a temporal como a
eterna. De modo que se um pecador recebe o Batismo no momento da morte, entra
imediatamente no Céu, sem passar pelo Purgatório. Foi o que ensinou o Concílio
de Florença (D n. 696) e o de Trento definiu (D n. 792).
Mas talvez o mais tocante e assombroso efeito do Batismo seja produzir a
filiação divina.
Deus tem apenas um filho segundo a Sua natureza, que é o Verbo
Encarnado. Só a Ele o Pai transfere eternamente a natureza divina em toda a sua
infinita plenitude. Porém, a graça santificante - que é um dos efeitos do
Batismo - confere aos neófitos uma participação
real e verdadeira nessa filiação "por uma adoção intrínseca, a qual
põe em nossa alma, física e formalmente, uma realidade absolutamente divina,
que faz circular o próprio sangue de
Deus nas veias de nossa alma. Graças a este enxerto divino, a alma se faz
participante da mesma vida de Deus. Trata-se de uma verdadeira geração
espiritual, um nascimento sobrenatural que
imita a geração natural e recorda, por analogia, a geração eterna do Verbo de
Deus".
Em uma palavra, a graça santificante, para a qual o
Batismo nos abre as portas, não nos dá apenas o direito de nos chamarmos filhos
de Deus, senão que nos faz tais em realidade. "Inefável maravilha -
conclui o padre Royo Marín - que pareceria inacreditável se não
constasse expressamente na divina Revelação".
O BATISMO NOS CONFERE A GRAÇA DE SERMOS SACERDOTES,
PROFETAS E REIS
1)
Sacerdotes
O Código de Direito Canônico da Igreja,
quando legisla sobre o ‘‘Povo de Deus’‘, diz que:
‘‘Fiéis são os que incorporados a Cristo pelo
Batismo, foram constituídos como povo de Deus e assim, feitos participantes, a
seu modo, do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo, são chamados a
exercer, segundo a condição própria de cada um, a missão que Deus confiou para
a Igreja cumprir no mundo’‘ (CDC,cân.204).
Jesus foi constituído por Deus Pai como
‘‘Sacerdote, Profeta e Rei ‘‘. E como Ele se fez, pela Encarnação, a Cabeça da
Igreja, todo o povo de Deus, por Ele, passou a participar dessas três funções
do Salvador e, consequentemente, assumimos com Ele a responsabilidade da missão
salvífica da humanidade, com todo o serviço do Reino. Deus Pai quis dar-nos a
honra de participarmos com Cristo da obra de salvação da humanidade. Inseridos
em Cristo pelo Batismo, nos fazemos um com Ele e, portanto, co-responsáveis
pela sua missão redentora. O Reino a ser implantado no mundo também é nosso, e
Deus quis que cada um de nós participasse da mesma alegria dos anjos quando o
pecador volta arrependido para a casa do Pai.
Esse povo tem, portanto, uma vocação
sacerdotal. Cada batizado é chamado a participar do mesmo sacerdócio de Cristo.
Ele é verdadeiramente o Pontífice (ponte), ‘‘o único mediador entre Deus e os
homens’‘ (1 Tm 2,5); mas, pela nossa inserção Nele, no Seu Corpo, pela Igreja e
pelo Batismo, Ele fez do novo povo ‘‘um reino de sacerdotes’‘.
Esse sacerdócio ‘‘comum’‘ que todo batizado
exerce, diferente do sacerdócio ministerial do presbítero, se realiza por toda
a sua atividade cristã, oferecendo-se a si mesmo a Deus como uma hóstia viva,
como disse São Paulo:
‘‘Eu vos exorto, pois, irmãos pelas
misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo,
agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual’‘ (Rom 12,1).
Tanto o sacerdócio comum dos leigos como o
sacerdócio ministerial (hierárquico) dos ordenados, embora diferentes na
essência, contudo, ‘‘participam, cada qual a seu modo do sacerdócio único de
Cristo’‘ (LG ,10).
O sacerdote, na Antiga Aliança, era aquele
que, em nome do povo, oferecia os sacrifícios e ofertas a Deus pelo pecado do povo.
Na Nova Aliança, Jesus se fez o Sumo Sacerdote, e não mais ofereceu sacrifícios
a Deus, mas ofereceu-se a Si mesmo ao Pai, já que nenhum outro sacrifício seria
suficiente para reparar a ofensa que o pecado realiza contra a Majestade de
Deus. Nesta linha, ao unir-nos a Ele, Cristo nos faz sacerdotes como Ele, isto
é, chamados a nos oferecermos com Ele e como Ele, como vítimas ao Pai. Por isso
somos convidados a sermos hóstias vivas, pela renúncia a nós mesmos, e a
disposição de tomarmos, a cada dia, a mesma cruz de Cristo, para salvar o
mundo. Podemos dizer assim, como Santa Teresa D’Ávila já dissera, que o Senhor
nos dá a honra de carregar com Ele a cruz redentora do mundo, e não é a todos
que concede esse privilégio.
A grande francesa Martin Robin, que viveu
cerca de cinquenta anos em uma cama, alimentando-se apenas da Eucaristia, disse
certa vez que:
‘‘Cada alma cristã é uma hóstia, e cada vida
cristã uma Missa’‘.
Cada cristão, leigo ou clérigo, vivendo com
fidelidade a Cristo e à Igreja, no seu estado de vida, é um verdadeiro
sacerdote e, com Cristo, salva o mundo para Deus.
O sacerdote ministerial, pelo poder sagrado
de que é investido, atua na pessoa de Cristo (‘‘in persona Christi’‘), dirige o
Povo de Deus, celebra o sacrifício eucarístico e perdoa os pecados. Mas os
leigos, pelo sacerdócio comum também participam do oferecimento do sacrifício
de Cristo ao Pai na Eucaristia. Ao mesmo tempo oferecem Cristo ao Pai, junto
com o sacerdote ministerial, e se oferecem a si mesmos com Cristo. Só seremos
verdadeiramente cristãos quando tivermos compreendido e assumido a missão
redentora com Cristo.
2)
Profetas
A Igreja participa também da missão profética
de Cristo, dando testemunho d’Ele vivo, no meio deste mundo.
Pelos dons do Espírito Santo, cada um exerce
o seu serviço para a edificação da Igreja e construção do Reino de Deus. São
Paulo ensina que o Espírito Santo ‘‘distribui a cada um, como quer’‘, os seus
dons (1 Cor 12,11) e que ‘‘a cada um é dada a manifestação do Espírito em vista
do bem comum’‘ ( 1 Cor 12,7). Todos os cristãos são chamados, sem exceção, a
exercer no Corpo de Cristo uma missão profética e missionária pela ação do
Espírito.
Especialmente o leigo é aquele ‘‘que leva a
Igreja ao coração do mundo, e traz o mundo ao coração da igreja’‘. Torna-se
assim, profeta com Cristo. Por isso, todo batizado é um missionário, um
anunciador do Reino de Deus, como dizia São Francisco de Assis, um ‘‘arauto do
grande Rei’‘, ‘‘a trombeta do Imperador’‘. Vale também para cada um de nós, na
medida própria, o que o Apóstolo dizia a si mesmo: ‘‘Ai de mim se eu não
evangelizar’‘(1Cor 9,16).
A missão da Igreja é evangelizar.
O Povo de Deus participa ainda da função
régia de Cristo, que reina sobre todos aqueles que atraiu para si pela sua
morte e Ressurreição.
‘‘E quando eu for levantado da terra atrairei
todos os homens a mim’‘ (Jo 12,32).
3)
Reis
Cristo é Rei e Senhor do universo, mas o Seu
Reino ‘‘não é deste mundo’‘ (Jo 19,36). Jesus repetiu isso a Pilatos duas
vezes.
Em que consiste o reinado de Cristo neste mundo,
então?
O seu reinado consistiu em servir.
‘‘Eu não vim para ser servido, mas para
servir e dar a minha vida em resgate de muitos’‘ (Mt 20,28).
Desde então, a Igreja aprendeu com o seu
Mestre que ’‘reinar é servir’‘, como ensina a ‘‘Lumen Gentium’‘ (LG, 36).
É porque Cristo foi obediente ao Pai até à
morte, que foi exaltado pelo mesmo Pai e entrou na glória do Seu Reino; e todas
as coisas lhe foram submetidas.
‘‘Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe
outorgou o Nome que está acima de todos os nomes’‘ (Fil 2,9).
‘‘... porque Deus sujeitou tudo debaixo dos
seus pés’‘ (1 Cor 15,26).
REC – REFLEXÕES E ESTUDOS CATÓLICOS – 06/06/2012
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