domingo, 3 de março de 2013

BENTO XVI: “UM CASO DE AMOR COM A VERDADE”.


                              BENTO XVI: “UM CASO DE AMOR COM A VERDADE”.    
No dia 19 de abril de 2005, eu estava no Mosteiro de São Bento no Rio de Janeiro – RJ, onde participava da reciclagem anual junto ao Tribunal Eclesiástico. Estávamos descansando após o almoço quando os sinos começaram a tocar incessantemente. Inicialmente pensei: “não é horário de missa”. Permaneci deitado. Mas os sinos não paravam. Foi quando me atentei quanto ao momento em que vivíamos e constatei: “Habemus Papam”. Vesti-me rapidamente e fui para a sala de TV onde muitos já estavam. Sem conhecer plenamente, rezava e torcia para que Ratzinger fosse o eleito. Não porque conhecia seu perfil, mas porque na minha santa ignorância, era o braço direito de João Paulo II e, tinha disputando com ele, um cardial italiano que tinha tendências favoráveis ao aborto, etc... Fiquei muito feliz assim como os monges daquele local. Mas pude perceber que tal felicidade não foi compartilhada por muitos que estavam participando comigo da reciclagem. Pude inclusive ouvir de alguns que era um absurdo tal resultado. Voltamos para o auditório e o ti-ti-ti continuava. Mas em meio a tudo, percebi também o silêncio de nosso Vigário Judicial (Tribunal). Padre Enrique Pérez Pujol fez uma leitura do que acabara de acontecer. Disse ele: Temos que buscar entender o que o Espírito Santo deseja. João Paulo II teve um papel importante em buscar aproximação com outras religiões. Estreitar relacionamentos. Enfim. Organizar a Igreja externamente. Agora precisamos organizar a Igreja internamente e, não há outra pessoa capaz disso que não seja Joseph Ratziner. Tal colocação encheu-me paz naquele momento, pois vinha de alguém que de início, a mim parecia também não ter gostado, mas que se deixou levar pelo Espírito Santo.
Hoje estamos vivenciando algo novo com a renúncia de nosso amado Papa. Um papa que buscou organizar nossa igreja internamente, mas que se viu traído, isolado e por que não dizer, boicotado. Diante de um dossiê e, sem forças físicas para combater e proteger nossa Igreja, humildemente mostra ao mundo que a instituição está acima de tudo. Mesmo sabendo que muitos o irão crucificar, toma posse das consequências e assim como Jesus Cristo, entrega-se pela Igreja. Essa mesma Igreja que terá de dar retorno diante de tudo de negativo que ocorreu. Não resposta ao mundo, mas sim a nós, católicos convictos. Papa Bento XVI, ao pedir a confecção do dossiê e, decidir pela renúncia, nos reporta a passagem de Mt. 21, 12-13, que assim diz: Jesus entrou no templo e expulsou dali todos aqueles que se entregavam ao comércio. Derrubou as mesas dos cambistas e os bancos dos negociantes de pombas. E disse-lhes: “está escrito: Minha casa é uma casa de oração, mas vós fizestes dela um covil de ladrões”. Eu creio plenamente que é isso que está acontecendo. O Papa Bento XVI está internamente, procedendo para que o templo seja unicamente para casa de oração. Procede para que não haja mais os escândalos bancários, os interesses individuais de cardeais que se afastaram de seu compromisso divino. Assim como para que sejam punidos todos que se afastaram de seus votos: castidade, humildade, obediência. O futuro nos mostrará que o Papa bento XVI nunca abandonou a cruz. Mas sim, tomou-a de forma atual. Poderá, para muitos, carregar uma cruz de renúncia e covardia. Mas com toda certeza, terá seu nome escrito nos céus, pois o início de seu martírio, além de prova de grande amor, é também o início da restauração da Santa Igreja de Jesus Cristo. BENTO XVI: UM CASO DE AMOR COM A IGREJA. UM CASO DE AMOR COM A VERDADE.

http://www.youtube.com/watch?v=NpJla4mENEk 

ASSISTA o endereço acima. Acredito que gostarão. ARRANJO: PAULO BLANC.

www.sergio-oliveira.com

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

TÍTULOS ECLESIÁSTICOS


LOCAL: Capela Beato João Paulo II
TEMA: TÍTULOS ECLESIÁSTICOS

                                  ENTENDENDO O CLERO CATÓLICO...

A Igreja católica é composta por clérigos, religiosos e leigos.
O clero católico constitui-se dos ministros ordenados: diáconos, padres e bispos:

DIÁCONO - O diácono possui o primeiro grau da Sacramento da Ordem, sendo ordenado não para o sacerdócio, mas para o serviço da caridade e da proclamação da Palavra de Deus e da liturgia.
É um ministro religioso que está no último dos sete anos de estudos – em média – que levam à carreira clerical, estes chamados de diáconos transitórios.
Mas há também os diáconos em grau permanente, que podem ser homens solteiros, casados ou viúvos. Entretanto a admissão de um homem casado ao diaconato necessita de um consentimento por escrito da esposa sendo necessário que a família leve uma vida condizente com os valores cristãos e que o matrimônio tenha ocorrido há no mínimo 5 anos. A ordenação no diaconato paralisa o estado dos solteiros e viúvos, de modo que estes após o sacramento não podem mais se casar, devendo permanecer celibatários.
Os poderes de um diácono são: ministrar os sacramentos do batismo e do matrimônio, dar bençãos diversas, dar a benção do santíssimo sacramento, fazer a celebração da palavra, distribuir a sagrada comunhão e fazer pregações

PADRE - Um padre (do latim páter ou pátris, que significa “pai” ou “chefe da família”) refere-se a um presbítero, clérigo católico do sexo masculino que recebeu o sacramento da Ordem. Hierarquicamente, está acima dos diáconos e abaixo dos bispos.
Pode, também, executar, entre outros atos de fé, a consagração do pão e do vinho na Liturgia Católica, conhecido por missa no ocidente. Possui essa investidura, concedida por Jesus Cristo, através da Igreja Católica.

BISPO - Os bispos são os sucessores dos apóstolos, recebendo com a ordenação episcopal a missão de santificar, ensinar e governar, a eles confiada no âmbito de uma circunscrição definida (diocese, arquidiocese ou prelazia).
São Pedro, segundo a história da Igreja, foi o primeiro bispo do Cristianismo católico em Roma.
O episcopado é o último e supremo grau do sacramento da Ordem. O bispo é também a autoridade máxima da Igreja particular local em jurisdição e magistério.
Aos bispos compete ministrar o sacramento da ordem de modo exclusivo e também, na Igreja Latina, o sacramento da crisma. Ordenar presbíteros e diáconos, bem como conferir ministérios são funções exclusivas do bispo.

O clero católico se distingue também em duas categorias: Clero Regular e Clero Secular.

CLERO REGULAR -  atualmente denominado mais comumente de Clero religioso, é constituído por todos os clérigos consagrados da Igreja Católica, que seguem uma regra de uma determinada ordem religiosa, que tem a sua própria hierarquia e títulos específicos. O termo regular provém do fato de que cada ordem religiosa estabelecia suas próprias regras de vida (do latim, regula). O hábito de viver em mosteiros - chamado monasticismo - foi introduzido no Ocidente no século VI, quando São Bento fundou o mosteiro do Monte Cassino, na península Itálica, dando origem à ordem dos beneditinos. A regra criada por São Bento para disciplinar a vida de seus monges, aprovada pelo Papa, serviu de modelo para outras ordens surgidas posteriormente, como as ordens mendicantes (não são monásticas) dos franciscanos e dos dominicanos.
O modelo dos mosteiros masculinos, dirigidos por um abade, foi logo instituído para as mulheres. Os mosteiros ou monastérios desempenharam um importante papel na Europa medieval, dedicando-se em tempo integral às práticas religiosas e às atividades de sobrevivência dos mosteiros e das abadias (cultivando terras), cristianizando povos e organizando e mantendo escolas e bibliotecas.
CLERO SECULAR - (do latim: "sæculum", que significa mundo), também referido mais comumente na atualidade como Clero diocesano é a designação dada à parcela do clero da Igreja Católica Romana que desempenha atividades voltadas para o público em geral e que vive junto dos leigos, exercendo as mais variadas formas de apostolado e assegurando a administração da Igreja.

                    TÍTULOS E FUNÇÕES PRÓPRIAS DA VIDA RELIGIOSA

MONGE - Os monges católicos, que podem ser clérigos ou leigos, seguem uma regra de uma determinada ordem religiosa monástica e residem em mosteiros, enquanto que os frades e freiras residem em conventos. Os monges seguem uma vida de desapego aos bens materiais e de contemplação e serviço a Deus.

ABADE - é a função e o título do monge superior de uma abadia. Tem a dignidade de Bispo, mas não é ordenado Bispo.
A palavra abade, que provém do substantivo latino abbas, abbatis, através da sua forma acusativa abbatem– a qual, por sua vez, deriva do siríaco abbâ (através do étimo hebraico abba) –, significa pai e se refire à vida monástica e a quem governa uma abadia. Em língua portuguesa, o feminino é abadessa.
O título teve a sua origem nos mosteiros da Síria, no século IV, tendo-se espalhado pelo Mediterrâneo oriental, sendo adotado, na generalidade das línguas europeias, para designar o governante de um dado mosteiro.
São Bento de Núrsia considerava que o abade era o representante de Cristo, o apoio das necessidades dos monges, além de ter autoridade jurídica e administrativa no mosteiro.

PRIOR - é a função e o título do monge superior de um mosteiro que ainda não é abadia.

FRADE - Frade é a designação dada a um católico consagrado que pertence a uma ordem religiosa mendicante e que vive normalmente num convento. Ele tanto pode ser um clérigo como um leigo.
O termo frade é proveniente da palavra latina frater, irmão, pelo qual se dirigiam uns aos outros. O título dado aos frades é frei, que deve ser usado somente anteposto ao prenome do frade e nunca como um substantivo independente (o correto é “o frade foi ordenado” e não “o frei foi ordenado”).
As primeiras ordens cristãs compunham-se de homens ou mulheres que se retiravam do mundo para melhor poderem adorar a Deus nos grandes mosteiros que se espalharam por toda a Europa na Idade Média. No entanto, o crescimento das cidades e das pobres comunidades de pessoas que nelas viviam, sem contacto com o catolicismo, trouxeram a necessidade de um novo tipo de ordem religiosa. Este novo tipo não deveria estar tão enclausurado como o estilo de vida monástica dos monges e deveria estar mais inserido junto aos novos grandes centros urbanos.
Por estas razões, no século XIII, surgem os Franciscanos (os Menoritas ou Irmãos Menores), criados por São Francisco de Assis, em 1210. Seis anos mais tarde São Domingos fundou a Ordem dos Pregadores. Os membros destas duas ordens realizavam, para além dos tradicionais votos de castidade e obediência, o voto de pobreza, pelo que renunciavam à posse de quaisquer bens. Daí serem conhecidos por mendicantes, pois que apenas conseguiam subsistir por intermédio de esmolas e dávidas dos fiéis.

                        TÍTULOS E FUNÇÕES PRÓPRIAS DO CLERO SECULAR

PÁROCO - É o sacerdote responsável por uma paróquia, menor unidade eclesiástica da Igreja, revestida de personalidade jurídica canônica. Também chamado de cura.

VIGÁRIO - O vigário coadjutor ou vigário geral é um sacerdote designado pelo Bispo para ajudá-lo na administração da Diocese. O vigário judicial é seu responsável pelos processos, de acordo com a organização do Tribunal Eclesiástico. O vigário paroquial é o que ajuda o pároco em uma paróquia. Em alguns lugares, chamam o próprio pároco de vigário.

REITOR- É o padre responsável por uma igreja que não é sede de paróquia. Também uma função.

ADMINISTRADOR PAROQUIAL- designa o padre (seja pároco de outra paróquia, seja um reitor, ou um sacerdote que não tem igreja alguma sob sua responsabilidade) que, temporariamente, administra uma paróquia, quando está vacante.

CHANCELER - É o notário da Cúria Diocesana, responsável pelos atos e ofícios de uma Diocese.

CÔNEGO - é o membro do Cabido, que é uma espécie de senado do Bispo e que se reúne na Catedral. Nem todas as Dioceses têm Cabido, mas ainda assim, o Bispo pode recompensar um sacerdote com esse título dignatário, honorífico. Também se chamam "cônegos" os sacerdotes das Ordens de clérigos regulares (um dos tipos de instituto de vida religiosa); assim: cônegos premonstratentes, por exemplo. Porque é um título, chama-se o padre que é cônego por ele: "Cônego Fulano".

MONSENHOR - é um título eclesiástico de honra conferido aos sacerdotes da Igreja Católica pelo Papa. Apesar de somente o Papa conferir o título de Monsenhor, ele o faz a pedido do bispo diocesano por meio da Nunciatura Apostólica. O número máximo de monsenhores de uma diocese não pode, normalmente, ultrapassar 10% do total de sacerdotes. O Monsenhor não tem uma autoridade canônica maior que a de qualquer padre, uma vez que a nomeação não implica num sacramento da ordem. Assim o monsenhor só se distingue de um padre comum pelo título. Os padres que serão sagrados bispos recebem automaticamente o título de monsenhor.

DOM - é o título, no Brasil, do Bispo e dos monges beneditinos, cistercienses e trapistas que sejam sacerdotes. Na Itália, é o título dos sacerdotes diocesanos. Exemplo: Dom Bosco.

PRIMAZ - é o Bispo da Diocese mais antiga de um país. No Brasil, o Primaz é o Arcebispo de Salvador. 

BISPO AUXILIAR - O Bispo Auxiliar, é um Bispo-titular da Igreja Católica, que tem a função de auxiliar o bispo diocesano.

BISPO EMÉRITO - é o bispo que renuncia ao governo de uma diocese, em geral, ao completar 75 anos de idade.

ARCEBISPO - É um bispo católico que, normalmente, está à frente de uma arquidiocese. Foi uma criação administrativa da Cúria Romana para atender aos anseios das populações e dioceses mais afastadas de Roma. Pode ser:
- Arcebispo metropolita: é o Arcebispo da arquidiocese sede de uma província eclesiástica, a qual é formada por várias dioceses. Tem todos os poderes do bispo em sua própria arquidiocese e poderes de supervisão e jurisdição limitada sobre as demais dioceses. O pálio, conferido pelo Papa, é o símbolo da sua qualidade de metropolita.

NÚNCIO APOSTÓLICO - é um representante diplomático permanente da Santa Sé. Representa a Santa Sé perante os Estados e perante a Igreja local. Costuma ter a dignidade eclesiástica de arcebispo. Normalmente reside na nunciatura apostólica, que goza dos mesmos privilégios e imunidades que uma embaixada.
No Brasil, o atual núncio é Dom Giovanni d'Aniello .

CARDEAL - Um cardeal é um alto dignitário da Igreja Católica, que assiste o Papa em diversas competências. Os cardeais, agrupados no Colégio dos Cardeais, são também chamados de purpurados, pela cor vermelho-carmesim da sua indumentária. Eles são considerados, na diplomacia, como “príncipes da Igreja”. A etimologia do termo cardeal encontra-se no latim cardo/cardinis, em português gonzo ou eixo, algo que gira, neste caso em torno do Papa.
Os cardeais são nomeados pelo Papa em ocasiões específicas na presença dos restantes membros do Colégio Cardinalício (consistório). O título, segundo o Código de Direito Canónico, distingue homens notáveis pela sua doutrina, piedade e prudência na condução dos assuntos.
Os cardeais reunidos em consistório assistem o Papa nas suas decisões. Os consistórios podem ser:
§ ordinários: reúnem os cardeais presentes em Roma.
§ extraordinários: reúnem todos os cardeais.
Os cardeais podem ter responsabilidades na Cúria Romana, a administração da Igreja. Os cardeais da Cúria devem residir em Roma. Os cardeais com menos de oitenta anos são os eleitores para Papa.

CAMERLENGO - O Camerlengo da Igreja Católica é o administrador da propriedade e receita da Santa Sé; suas responsabilidades incluem a administração fiscal do Patrimônio de São Pedro.
A maior responsabilidade do Cardeal Camerlengo é a determinação formal da morte do Papa; o procedimento tradicional, já em desuso, para essa situação se dava batendo gentilmente um martelo de prata na cabeça do Papa e chamando o seu nome. Hoje o processo do martelo não é mais usado, e após o Papa ser declarado morto, o Camerlengo remove o Anel do Pescador do seu dedo e o corta com uma grande tesoura na presença dos demais Cardeais, e também destrói a face do selo do Papa com o Martelo de Prata. Esse ato simboliza o fim da autoridade do último Papa. o Camerlengo notifica então os oficias apropriados da Cúria Romana e o Decano do Colégio dos Cardeais. Depois, ele começa os preparativos para o conclave e o funeral do Papa.

PAPA
O Papa é o Bispo de Roma, e como tal, é o líder mundial da Igreja Católica (isto é, do Rito Latino e das Igrejas Orientais Católicas em plena comunhão com Roma). O atual pontífice é o Papa Bento XVI, que foi eleito no conclave em 19 de abril de 2005.
O Papa é eleito pelo Colégio dos Cardeais, e seu posto é vitalício. O papa também é o Chefe de Estado da Cidade do Vaticano, uma cidade-estado soberana enclavada por Roma.

                     TÍTULOS GERALMENTE ASSOCIADOS ÀS IGREJAS ORIENTAIS

ARCEDIAGO-  etimologicamente, é um "arquidiácono". Trata-se de um título, desta vez, e não de uma função. É dado a certos sacerdotes, principalmente, nas Igrejas de ritos orientais. Na Igreja Latina, não é muito comum.

ARCIPRESTE- etimologicamente, é um "arqui-sacerdote". Outro título dado a certos sacerdotes, notadamente no Oriente. No Ocidente, é o título de alguns párocos que, eventualmente, sejam Bispos (como o pároco da Basílica de São Paulo Extra-muros, em Roma, que é sempre um Bispo e monge beneditino).

PATRIARCA - são normalmente títulos possuídos por alguns líderes das Igrejas Católicas Orientais sui juris, que, com os seus Sínodos, constituem a instância suprema para todos os assuntos dos Patriarcados Orientais, não excluído o direito de constituir novas eparquias e de nomear Bispos do seu rito dentro dos limites do território patriarcal, salvo o direito inalienável do Papa de intervir em cada caso. Estes patriarcas são eleitos pelos seus respectivos sínodos e depois reconhecidos pelo Papa. Ao todo, existe na Igreja Católica seis Patriarcas Orientais: Patriarca Católico Copta de Alexandria Patriarca Católico Sírio de Antioquia Patriarca Greco-Melquita de Antioquia, Jerusalém, Alexandria, e de todo o Oriente Patriarca Católico Maronita de Antioquia Patriarca Caldeu da Babilônia Patriarca Católico Armênio da Cilícia Na Igreja Latina, alguns grandes e importantes prelados recebem também o título de Patriarca, apesar de o título ser apenas honorífico e não lhes conferirem poderes adicionais. Logo, eles não têm o mesmo poder do que os Patriarcas Orientais. Entre os Patriarcas latinos contam-se o Patriarca Latino de Jerusalém, o Patriarca das Índias Orientais, o Patriarca de Lisboa e o Patriarca de Veneza. Os Patriarcas, quer sejam do rito latino ou do rito oriental gozam de precedência, ainda que apenas a título honorífico, relativamente a todos os Arcebispos (incluindo os Primazes).

REC – REFLEXÕES E ESTUDOS CATÓLICOS – 29/08/2012


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

HUMILDADE


LOCAL: Capela Beato João Paulo II
TEMA: HUMILDADE

 “O primeiro passo na busca da verdade é a humildade. O segundo, a humildade. O terceiro, a humildade. E o último, a humildade!” (Santo Agostinho)
“A humildade é a verdade” (Santa Teresa de Ávila)

HUMILDADE: RAIZ DE TODAS AS VIRTUDES

“A humildade, dizia São Gaspar, é a mãe de todas as virtudes.” É o terreno fértil, que permite às sementes lançar raízes, germinar e chegar à maturação. Sem humildade no coração, nada nasce.
Sem humildade, não há virtude que possa existir numa alma. Possua embora todas as virtudes, fugiriam todas ao lhe fugir a humildade.
 A palavra “humildade vem do latim “humus” (terra)  e, segundo Santo Isidoro, indica o comportamento espiritual de quem  não se distancia muito da terra, mas se volta para o baixo.
A humildade tem duplo fundamento: a verdade e a justiça: a verdade, faz que conheçamos a nós mesmos tais quais somos; a justiça, que nos inclina a tratar-nos em conformidade com esse conhecimento.
Santo Tomás de Aquino diz que: “Para nos conhecermos a nós mesmos, é necessário ver o que em nós pertence a Deus e o que nos pertence a nós, como próprio; ora, tudo quanto há de bom vem de Deus e a Deus pertence, tudo quanto há de mau ou defeituoso vem de nós”.
A justiça exige, pois, imperiosamente que se dê a Deus, e a Deus só, toda a honra e glória:“Amém! O louvor, a glória, a sabedoria, a ação de graças, a honra, o poder e a força pertencem ao nosso Deus pelos séculos dos séculos. Amém!” (Ap 7, 12).
Não há dúvida que alguma coisa boa há em nós: o nosso ser natural e sobretudo  os nossos privilégios sobrenaturais. A humildade não nos impede de os ver e admirar; mas, assim como quando se admira um quadro, é para o artista que o pintou que vai a nossa homenagem e não para a tela, assim também, quando admiramos os dons e graças de Deus em nós, é a Ele e não a nós mesmos que se deve dirigir a nossa admiração (Tanquerey).
Tanquerey diz que: “Devemos, pois, por justiça, amar as humilhações, aceitar todas as afrontas; se nos dizem que somos avaros, desonestos, orgulhosos, devemos convir nisso, porque conservamos em nós a tendência a todos esses defeitos”.

JESUS E A HUMILDADE

Jesus Cristo diz em Mt 11, 29: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”. Santo Agostinho comenta: “Ele não nos pede que o imitemos na fabricação do mundo, na criação dos seres visíveis e invisíveis, na realização das obras maravilhosas, mas na humildade de coração”.
O Coração de Jesus é um oceano infinito de virtudes, é um imenso jardim, onde Ele nos convida a entrar e colher a flor perfumada da humildade.
Jesus Cristo revelou a sua humildade em todas as ações. Se operava milagres, recomendava que fossem velados no silêncio; se as multidões, deslumbradas por seus milagres, procuravam proclamá-lo rei, desaparecia e não se deixava encontrar.
Toda a vida de Jesus foi uma escola de humildade, principalmente a sua morte na cruz: “Humilhou-se a si mesmo fazendo-se obediente até à morte, e morte de cruz” (Fl 2, 8).
Pela humildade e pela humilhação Jesus se tornou o 'novo Adão' que salvou o mundo (Rom 5,12s). Maria, a mãe do Senhor, tornou-se a 'nova Eva', ensina a Igreja, porque na sua humildade destruiu os laços da soberba da primeira virgem.

OS DOZE GRAUS DA HUMILDADE SEGUNDO SÃO BENTO

1. O temor de Deus, sempre presente aos olhos de nosso espírito, e fazendo-nos praticar os mandamentos: temor dos castigos primeiro, depois temor reverencial, que remata na adoração.
2. A obediência ou submissão da nossa vontade à de Deus; é claro, que, se temos reverência e temor de Deus, faremos a sua vontade em tudo. Esta obediência é sem dúvida um ato de humildade, visto ser a expressão da nossa dependência para com Deus.
3. A obediência aos superiores por amor de Deus. É mais dificultoso submeter-se aos Superiores que ao próprio Deus: de fato, é necessário mais espírito de fé, para ver a Deus nos Superiores, e mais perfeita abnegação, porque esta obediência se aplica a maior número de coisas.
4. A obediência paciente, ainda nas coisas mais dificultosas, suportando as injúrias sem queixumes, ainda mesmo e, sobretudo quando a humilhação vem dos Superiores: para o conseguir, pensar na recompensa celeste e nos sofrimentos e humilhações de Jesus.
5. A confissão da faltas secretas, incluindo os pensamentos, ao Superior, fora da confissão sacramental. É este ato de humildade um freio poderoso: a idéia de que será necessário manifestar as faltas mais ocultas, trava muitas vezes o despenho para o abismo.
6. A aceitação cordial de todas as privações, ocupações vis, considerando-se inferior ao seu oficio.
7. Julgar-se sinceramente, do fundo do coração, o último de todos os homens. É raro este grau; os Santos chegam lá, refletindo que, se os outros tivessem tido tantas graças como eles, seriam melhores.
8. A fuga da singularidade: não fazer nada de extraordinário, mas contentar-se do que é autorizado pela regra comum, pelos exemplos dos antigos e pelos costumes legítimos: querer singularizar-se é, efetivamente, sinal de orgulho ou vaidade.
9. O silêncio: saber calar enquanto nos não interrogam ou enquanto não há uma boa razão de dar o parecer, e ceder aos outros ocasião de falar. De fato, na ânsia de tomar a palavra, há muita vaidade.
10. A moderação no rir. São Bento não condena o rir, enquanto é expressão de alegria espiritual, mas tão somente o riso de má pinta, a gargalhada estridente ou zombeteira, ou a disposição habitual a rir pronta e ruidosamente, que mostra pouco respeito da presença de Deus e pouca humildade.
11. A reserva nas palavras: quando se fala, fazê-lo suave e humildemente, sem gritos, com a gravidade e sobriedade do homem sisudo.
12. A modéstia no porte: andar, assentar-se, estar de pé, olhar moderadamente, sem afetação, a cabeça ligeiramente inclinada, o pensamento em Deus e na própria indignidade de levantar os olhos ao céu.

A HUMILDADE NOS ESCRITOS DOS SANTOS

Muitos cristãos são cheios de boas virtudes, mas infelizmente tornam-se 'inchados', pensando infantilmente que essas boas virtudes são méritos próprios e não graças de Deus, para serviço dos outros. Deus disse a Santa Catarina que: 'o pecador, qual ladrão, rouba-Me a honra, para atribui-la a si mesmo'.
'O diabo orgulhoso não tolera um espírito humilde'. É a humildade que vence o demônio sempre. São Vicente de Paulo dizia que ele não sabe se defender contra a humildade, por ser soberbo.
Santa Teresa dizia que 'uma pessoa caminha mais para Deus quando deixa de desculpar-se do que ouvindo dez sermões'. E ela diz a razão disso: 'Não se desculpando, começa a adquirir a liberdade interior e a não se preocupar se dizem dele bem ou mal'.
A extrema humildade de vários santos os levavam a se sentirem os piores pecadores, por incrível que nos pareça. Santa Teresa ensinava às suas monjas dizendo:'Não acrediteis ter progredido na perfeição, se não vos julgardes piores de todas e se não desejais ser tratadas como as últimas'.
Santo Afonso dizia que: 'Mesmo os pecados cometidos podem concorrer para a nossa santificação, na medida em que a sua lembrança nos faz mais humildes, mais agradecidos às graças que Deus nos deu, depois de tantas ofensas'.
Enfim, a humildade é a grande força daquele que quer a santidade. Santa Teresa o disse: 'Quem possui as virtudes da humildade e do desapego bem pode lutar contra todo o inferno junto e o mundo inteiro com suas seduções'.
O grande místico doutor, S. João da Cruz, disse que: 'Visões, revelações, sentimentos celestes e tudo quanto se pode imaginar de mais elevado, não valem tanto quanto o menor ato de humildade'.

ORAÇÃO PARA SE OBTER A VIRTUDE DA HUMILDADE

“Senhor, Vós conheceis a minha fraqueza!
Cada manhã tomo a resolução de praticar
a humildade e à noite reconheço que
cometi ainda muitas faltas de orgulho.
À vista disto, sou tentada a desencorajar,
mas, eu sei, o desencorajamento
é também orgulho.
Quero pois, ó meu Deus,
assentar a minha esperança
somente em Vós;
porque Vós tudo podeis!
Dignai-vos fazer nascer na
minha alma a virtude que desejo.
Para obter esta graça
da vossa infinita misericórdia,
repetir-vos-ei muitas vezes:
Ó Jesus, doce e humilde de coração,
tornai o meu coração semelhante ao vosso!”

(Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face)

REC – REFLEXÕES E ESTUDOS CATÓLICOS – 22/08/2012


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

DILIGÊNCIA


LOCAL: Capela Beato João Paulo II
TEMA: DILIGÊNCIA

“A alma verdadeiramente amorosa de Deus, não põe delongas em fazer quanto pode para achar o Filho de Deus, seu Amado. Mesmo depois de haver empregado todas as diligências, não se contenta e julga haver feito nada.” (São João da Cruz)

                              QUE SIGNIFICA DILIGÊNCIA?

A diligência é o antídoto específico da preguiça. Onde a preguiça cava um abismo, a diligência ergue uma montanha. E o que é a diligência?
Na realidade, diligência é uma palavra que vem diretamente do verbo latino diligere, que significa amar. De modo que “diligente” significa aquele que ama.
Isto é da maior importância para o tema que nos ocupa. A acédia (preguiça) é o contrário do amor, pelo fato de sentir aversão e tristeza por aquilo mesmo que atrai e alegra o amor: o bem, mesmo que seja  árduo e difícil. Em confronto com a preguiça, a virtude da diligência consiste no carinho, alegria e prontidão (coisa diferente da pressa) com que pensamos no bem e nos prontificamos a realizá-lo da melhor maneira possível.
Poucas descrições da diligência existem, mais ricas de conteúdo, do que a contida numa das homilias de São José Maria Escrivá, que transcrevemos a seguir:
"Há duas virtudes humanas - a laboriosidade e a diligência - que se confundem numa só:- no empenho em tirar partido dos talentos que cada um de nós recebeu de Deus.São virtudes, porque induzem a acabar bem as coisas.Quem é laborioso aproveita o tempo, que não é apenas ouro, é Glória de Deus! Faz o que deve e está no que faz, não por rotina nem para ocupar as horas, mas como fruto de uma reflexão atenta e ponderada. Por isso é diligente. O uso normal desta palavra - diligente - evoca-nos a sua origem latina. Diligente vem do verbo diligo, que significa amar, apreciar, escolher algo depois de uma atenção esmerada e cuidadosa. Não é diligente quem se precipita, mas quem trabalha com amor, primorosamente.
Nosso Senhor, perfeito homem, escolheu um trabalho manual que realizou delicada e amorosamente durante quase todo o tempo que permaneceu na terra. Exercitou a sua ocupação de artesão entre os outros habitantes da sua aldeia, e aquele trabalho humano e divino demonstrou-nos claramente que a atividade habitual não é um pormenor de pouca importância, mas é o fulcro da nossa santificação, oportunidade contínua de nos encontrarmos com Deus e de louvá-lo e glorificá-lo com o trabalho da nossa inteligência ou das nossas mãos".

                                 DILIGÊNCIA NÃO É ATIVISMO

Muitas pessoas oferecem a imagem de um ativismo desenfreado. Não param um instante. Vão de cá para lá, assoberbados de tarefas, numa incessante corrida atrás do tempo, que sempre se lhes torna escasso. As ocupações os envolvem como que num redemoinho. Já não são donos de si mesmos. A sua atividade domina-os como um cavalo sem freio, do qual perderam completamente as rédeas.
Homens e mulheres desse estilo não são diligentes. São apenas agitados. Não percebem que, por trás do seu vaivém descontrolado e fatigante, estão sendo atacados por uma forma perniciosa de preguiça: a preguiça espiritual, a preguiça mental.
"O nosso século - escreve Jacques Leclercq - orgulha-se de ser o da vida intensa, e essa vida intensa não é senão uma vida agitada, porque o sinal do nosso século é a corrida, e as mais belas descobertas de que se orgulha não são as descobertas da sabedoria, mas da velocidade. E a nossa vida só é propriamente humana se nela há calma, vagar, sem que isso signifique que deva ser ociosa (...) Acumular corridas e mais corridas, não é acumular montanhas, mas ventos".

                           PREGUIÇA: VÍCIO OPOSTO À DILIGÊNCIA

A preguiça, na maioria das vezes, provém de uma doença na vontade, que se recusa ao esforço, chegando até a temê-lo. “O preguiçoso quer evitar qualquer trabalho, tudo quanto lhe pode perturbar o sossego e arrastar consigo fadigas. Verdadeiro parasita, vive, quanto pode, a expensas dos outros. Manso e resignado, enquanto o não inquietam, impacienta-se e irrita-se, se o querem tirar da sua inércia” (TANQUEREY, Adolph).
Quem assume sua condição de filho muito amado por Deus busca viver, através de cada gesto, a virtude da diligência. Não quer cumprir seu dever com desleixo e deixá-lo mal feito, mas coloca nele amor e assim dá seu melhor para que seja finalizado com esmero.
O repouso foi mandamento de Deus que, Ele mesmo, conforme nos conta o livro de Gênesis, tendo trabalhado na criação do mundo, descansou ao fim. Porém, assim como seria um absurdo dizer que Deus ficou ocioso em seu repouso, devemos nós ter em mente que descansar não é ficar inativo e inerte. “Quem se entrega a trabalhar por Cristo não há de ter um momento livre, porque o descanso não é não fazer nada; é distrair-se em atividades que exigem menos esforço” (São Josemaría Escrivá)
O espírito e o coração do homem não podem estar inativos: se não se absorvem no estudo ou em qualquer outro trabalho, são logo invadidos por um sem-número de imagens, pensamentos, desejos e afetos; ora, no estado de natureza decaída, o que domina em nós, quando não reagimos contra ela, é a tríplice concupiscência: serão, pois, pensamentos sensuais, ambiciosos, orgulhosos, egoístas, interesseiros, que tomarão o predomínio em nossa alma, expondo-a ao pecado” (TANQUEREY, Adolph).
Se nossa vida for estéril, seremos cobrados por todos aqueles que deixamos de ajudar e que até mesmo, por nossa omissão, sofreram ou perderam-se no pecado.
A errônea concepção de que trabalhar, por si só, foi um castigo de Deus aos homens, pode nos trazer um peso desnecessário às nossas tarefas corriqueiras. A verdade é que, mesmo antes do pecado original, já estava ao encargo do homem trabalhar (Cf. Gn 2,15). O homem, por natureza, precisa aperfeiçoar as faculdades com que Deus o dotou, já que não tem a perfeição divina. E a única forma de fazer isso é colocando-as em operação, cultivando-as, e este foi o mandamento de Deus desde o princípio da criação. Verdade é que não havia ainda o cansaço pelo labor – este veio após a queda do homem. Mas a dificuldade deu-nos também a luta, através da qual, se a ela nos aplicamos com diligência, nos santificamos.

                                A PREGUIÇA ESPIRITUAL

Além de nos empregarmos em boas obras, é necessário evitar veementemente a negligência para com Deus, em especial no amor que lhe devemos, que, se chegar por vezes a desprezá-Lo, é pecado mortal. A preguiça espiritual pode ser muito grave quando a alma fica em tal estado de tédio que se acabrunha, desistindo de começar o bem, por ser difícil de ser praticado.
Remédio para a acédia será, portanto, procurar elevar os pensamentos aos bens espirituais, tornando-os mais agradáveis à medida que mais neles nos empenhamos, e sempre buscar aprofundar-se na oração, pois sem ela todo nosso trabalho se tornará infecundo. Além disso, temos na Sagrada Eucaristia nosso alimento espiritual, pois assim como o trabalhador precisa do pão que lhe dê energia para a labuta, precisamos do Pão descido dos Céus, alimento que fortalece nossa fé e nos anima na caridade, fazendo-a crescer em nós. Se desejamos encontrar o Senhor e, um dia, contemplá-Lo face a face, com diligência devemos nos empregar na prática das virtudes.
Segundo o grande místico e Doutor da Igreja, São João da Cruz: “Há alguns que nem mesmo se animam a levantar-se de um lugar agradável e deleitoso, para contentar o Senhor; querem que lhes venham à boca e ao coração os sabores divinos, sem darem um passo na mortificação e renúncia de qualquer de seus gostos, consolações ou quereres inúteis. Tais pessoas, porém, jamais acharão a Deus, por mais que chamem a grandes vozes, até que se resolvam a sair de si para o buscar. Assim o procurava a Esposa nos Cantares, e não o achou enquanto não saiu a buscá-Lo, como diz por estas palavras: ‘Durante a noite no meu leito busquei Aquele a quem ama a minha alma; busquei-o e não O achei. Levantar-me-ei e rodarei a cidade; buscarei pelas ruas e praças públicas Aquele a quem ama a minha alma’ (Ct 3,1-2). E depois de haver sofrido alguns trabalhos, diz então que o achou”

            O TRABALHO NÃO É UMA PENALIDADE, MAS COLABORAÇÃO

A partir da tragédia do pecado original, o trabalho passou a ser um veículo redentor para o homem, além de ser o meio pelo qual ele é chamado a ser cooperador de Deus na obra da construção do mundo.
Michel Quoist disse que “o trabalho não é uma punição, mas uma honra que Deus concede aos homens. O Pai não quis acabar sozinho a criação, por isso convida sua criatura a colaborar com Ele”.
O trabalho traz para o homem uma misteriosa e agradável recompensa que ninguém e nada pode tirar. Se com humildade oferecemos a Ele o nosso trabalho, este adquire um valor eterno. Assim, o temporal se transforma em eterno; e esta é a grande recompensa do trabalhador.
Para nos mostrar a importância fundamental do trabalho, Jesus trabalhou até os trinta anos naquela carpintaria humilde e santa de Nazaré.
São Bento de Núrcia tomou como lema da vida dos mosteiros “Ora et Labora!” (Ora e Trabalha!).
O nosso Catecismo (§378) ensina que: “O trabalho não é uma penalidade, mas a colaboração do homem e da mulher com Deus no aperfeiçoamento da criação visível”.
Tudo o que fazemos deve ser feito “para o Senhor”, sem preguiça e sem reclamação para não perdermos o mérito da boa ação. Não importa o que seja, se é grande ou pequeno. Se você é lavadeira, então lave cada camisa ou cada calça com todo o capricho, como se o próprio Jesus fosse vesti-las. Se você é professor, prepare bem a sua aula, ministre-a com capricho e sem preguiça,  como se Jesus fosse um aluno que quer aprender. Se você é um médico, atenda cada paciente sem preguiça e sem má vontade, como se o próprio Jesus fosse o doente.
                                                     REC – REFLEXÕES E ESTUDOS CATÓLICOS – 08/08/2012

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

MANSIDÃO


                                          LOCAL: Capela Beato João Paulo II

TEMA: MANSIDÃO

“A mansidão do homem é lembrada por Deus e a alma pacífica se converte no templo do Espírito Santo. Cristo recosta sua cabeça nos espíritos mansos e apenas a mente pacífica se converte em morada da Santa Trindade.” (Evágrio Pontico, monge do século IV)

A MANSIDÃO NA BÍBLIA E NO CATECISMO

Primeiramente, Jesus fala sobre a mansidão no Sermão da Montanha:
Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!” (Mt 5,5)
Depois apresenta-se Ele mesmo como manso e humilde:
Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu peso é leve.” (Mt 11, 28-30)
Assim o Catecismo (§1832) nos relembra a mansidão como fruto do Espírito Santo:
Os frutos do Espírito são perfeições que o Espírito Santo forma em nós como primícias da glória eterna. A Tradição da Igreja enumera doze: "caridade, alegria, paz, paciência, longanimidade, bondade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência e castidade".

O QUE É A MANSIDÃO?

Num mundo onde há, se não uma ausência de valores, uma inversão completa deles, dificilmente se encontra lugar para o verdadeiro Bem, que não está em objeto ou homem qualquer, mas vem do alto. Por isso, talvez, a imagem do Cristo calado, tal qual cordeiro levado ao matadouro, é muito apreciada, mas dificilmente vivida, uma vez que o manso e humilde é tido como fraco e medíocre, ou ainda falso e resignado.
A virtude da mansidão parece, como tantas outras virtudes que deveríamos cultivar, fadada ao esquecimento e desprezo, já que não se vê como pode coadunar com o homem moderno e competitivo. É preciso um profundo senso cristão para compreender que a mansidão não é “a fraqueza de caráter que dissimula, sob exteriores adocicados, um profundo ressentimento. É uma virtude interna que reside ao mesmo tempo na vontade e na sensibilidade, para lá fazer reinar a serenidade e a paz, mas que se manifesta exteriormente, nas palavras e nos gestos, por maneiras afáveis.” (Adolph Tanquerey).
A mansidão proposta por Jesus nos leva à atitude de escuta da vontade de Deus para usarmos nossos talentos em bem do semelhante, aturando seus limites e cooperando com a superação de suas fraquezas. A pessoa nessa perspectiva aceita corrigir suas falhas e se coloca confiante nas mãos de Deus para realizar o bem. Longe de conformar-se com o erro, coloca-se no caminho de sua superação, fazendo a correção fraterna, mesmo correndo o risco de não ser aceita, como Jesus fez com os vendilhões do templo. A mansidão como virtude não se confunde com a inércia e a omissão. Faz a pessoa atuar e não ser vingativa, compreendendo os limites dos outros e cooperando com sua superação, com atitude de quem aceita o outro e tudo faz para o seu bem.

IRA: VÍCIO OPOSTO À MANSIDÃO

É sabido que toda virtude tem seu vício oposto, que é sufocado com a habitual prática do bem. Mas, neste caso, a teologia costuma indicar duas possibilidades para a ira:
- a que se submete à razão e é moderada por ela,
- e a que é movida pelas paixões e desordenada.
A ira que está em desacordo com a ordem da razão deseja o mal ao próximo, e é esta ira que conhecemos como vício capital, também chamada de iracúndia.
A ira por zelo, se moderada, é boa, mas deve-se ter extremo cuidado para que ela permaneça sempre escrava da razão, pronta a servi-la se necessário for. A ira apenas é boa e ordenada quando quer corrigir um vício e não visa a vingança e o dano alheio, mas unicamente a justa emenda das injúrias.
“A vida é uma viagem que temos que fazer para atingir o céu; não nos zanguemos no caminho uns contra os outros; andemos em companhia com nossos irmãos, em espírito de paz e amizade. Generalizando, aconselho-te: nunca por nada te exaltes, se for possível, e nunca, por pretexto algum, abras teu coração à ira; pois São  Tiago diz expressamente: a ira do homem não opera a justiça”(São Francisco de Sales).

QUEM AMA A JESUS CRISTO AMA A MANSIDÃO

Tomemos agora como objeto de estudo o capítulo quarto da obra de Santo Afonso Maria de Ligório: “A Prática do Amor a Jesus Cristo”, que aprofunda o tema da mansidão:

"A caridade é benigna". O espírito de mansidão é próprio de Deus. "Meu espírito é mais doce do que o mel". A pessoa que ama a Deus, ama a todos os que são amados por Deus, isto é, todos os homens. Por isso procura sempre socorrer, consolar, contentar a todos na medida do possível.
Eis o que diz São Francisco de Sales, mestre e modelo da mansidão: "A humilde mansidão é a virtude das virtudes que Deus tanto nos recomendou. É necessário praticá-la sempre e em toda parte". Dá-nos ainda a seguinte regra: "Quando vedes alguma coisa que se pode fazer com amor, fazei-o; o que não se pode fazer sem discussões, deixai-o”. Isso se refere ao que podemos deixar sem ofender a Deus, porque, quando existe ofensa a Deus, esta deve ser impedida sempre e depressa por aquele que é obrigado a impedi-la.
A mansidão deve ser praticada especialmente com os pobres, os quais normalmente, por causa da sua pobreza, são tratados asperamente pelos homens. Deve-se ainda usar da mansidão particularmente com os doentes que se encontram aflitos e, as mais das vezes, recebem pouco cuidado dos outros. Devemos exercer a mansidão principalmente com os inimigos. É preciso “vencer o mal com o bem", isto é, o ódio com o amor, a perseguição com a mansidão. Assim fizeram os santos e por esse meio conseguiram o afeto de seus maiores inimigos.

O EXEMPLO DE SÃO FRANCISCO DE SALES

“Diz São Francisco de Sales: "Não há nada que tanto edifique o próximo como a caridosa benignidade no trato". Ele tinha ordinariamente o sorriso nos lábios. “Sua aparência, suas palavras, suas maneiras respiravam mansidão”. São Vicente de Paulo afirmava jamais ter conhecido um homem mais manso, parecendo-lhe ver a imagem viva da bondade de Jesus Cristo. Mesmo quando sua consciência o obrigava a negar alguma coisa, o santo mostrava tanta benevolência com as pessoas, que elas iam embora contentes, embora não tivessem obtido o que desejavam. Era manso para com todos, com os superiores e com seus iguais, com seus inferiores, com as pessoas de casa e de fora. Era bem diferente dos que, segundo sua expressão, parecem anjos na rua e demônios em casa. No trato com seus empregados, não se queixava nunca de suas faltas; advertia-os apenas e sempre com bondade. Coisa muito louvável em todos os superiores!”
O superior deve usar de toda mansidão com os seus súditos. Ao lhes impor alguma coisa, deve antes pedir que mandar. Dizia São Vicente de Paulo “Para os superiores, não há melhor meio de se fazer obedecer do que a mansidão". "Experimentei todos os meios de governar - dizia Santa Joana de Chantal - e não encontrei nenhum melhor do que o modo bondoso e paciente".
São Francisco de Sales, por sua mansidão, alcançava dos outros tudo o que desejava. Assim conseguiu levar para Deus os pecadores mais endurecidos. A mesma coisa fazia São Vicente de Paulo que ensinava a seus missionários esta regra: "A afabilidade, o amor e a humildade têm uma força maravilhosa para ganhar os corações dos homens, e levá-los a abraçar as coisas mais desagradáveis à natureza humana". Uma vez mandou um grande pecador a um de seus padres para que o convertesse. Mas o missionário, vendo inúteis todos seus esforços, pediu ao santo que lhe dissesse alguma coisa. Ele o fez e o pecador se converteu. Este declarou depois que a singular bondade e extrema caridade do santo lhe ganharam o coração. Por isso o santo não admitia que seus missionários tratassem os seus penitentes com dureza, e lhes dizia que o espírito infernal se serve do rigor de alguns para causar maior dano às almas.
  
A BONDADE E A MANSIDÃO: FORMA CORRETA DE REPREENDER

“O superior deve mostrar-se benigno mesmo nas repreensões que tem a fazer. Uma coisa é repreender com energia e outra repreender com aspereza. É preciso, às vezes, repreender com energia, quando a falta é grave, principalmente em caso de repetição da falta e depois de a pessoa ter sido avisada. Mas evitemos repreender com aspereza e com raiva; quem repreende com raiva faz mais mal do que bem. Esse é o zelo errado que São Tiago reprova. Há quem se glorie de dominar assim sua família ou comunidade, e pensa que é assim que se deve governar. São Tiago não pensa assim: "Se tendes um zelo amargo, não vos glorieis”.
São Francisco de Sales dizia: “Assim como o óleo fica boiando quando despejado num copo de água, assim em todos nossos atos deve ficar por cima a bondade". Se a pessoa a ser repreendida está alterada, convém deixar a repreensão para outra hora e esperar que passe a raiva, caso contrário mais a irritaríamos. "Quando uma casa pega fogo não se deve jogar mais lenha na fogueira".
"Não sabeis de que espíritos sois". Foi esta a resposta que Jesus deu a Seus discípulos Tiago e João, quando eles queriam que fossem castigados os samaritanos, que os tinham expulsado da sua cidade:
- Que espírito é esse? Não é o Meu! O Meu espírito é de bondade e mansidão; "não vim para perder, mas para salvar as pessoas" e estais querendo que Eu as perca? Calai-vos e não Me façais semelhantes pedidos, porque não é esse o Meu espírito!
De fato, com que mansidão tratou Jesus a mulher adúltera:
- "Mulher, ninguém te condenou? Nem Eu te condenarei. Vai e não peques mais".
Contentou-Se apenas em admoestá-la a não mais pecar e a mandou em paz. Com quanta bondade procurou converter e converteu a samaritana. Começou pedindo-lhe água. Depois lhe disse:
- "Se soubesses quem é que te pede de beber!"
Em seguida revelou-lhe que era o Messias esperado.
Com quanta bondade procurou converter o traidor Judas. Deixou que ele comesse com Ele no mesmo prato. Lavou-lhe os pés e o admoestou no momento da traição:
- "Judas, é com um beijo que Me trais? Com um beijo trais o Filho do Homem?"
Como é que mais tarde converteu Pedro, depois de ter sido renegado por ele? "O Senhor voltou-Se e olhou para Pedro”. Ao sair da casa do pontífice, sem censurar o seu pecado, lançou sobre ele um olhar de ternura e o converteu. E converteu de tal forma que Pedro durante toda a vida não deixou de chorar a grave ofensa que fizera ao seu Mestre.”

CONSERVAR A MANSIDÃO

“É preciso praticar a benignidade com todos, em todas as circunstâncias e em todo o tempo. Adverte São Bernardo que alguns são mansos enquanto as coisas correm de acordo com sua vontade. Mas quando atingidos por alguma contrariedade ou dificuldade, logo se inflamam, e começam a fumegar como um vulcão. Pode-se chamá-los muito bem de carvões acesos escondidos debaixo de cinzas. Quem quer ser santo, deve ser nesta vida como o lírio entre espinhos. Embora nasça entre eles, não deixa de ser lírio, isto é, sempre igualmente suave e benigno! Quem ama a Deus conserva sempre a paz no coração e a deixa transparecer no rosto, apresentando-se sempre o mesmo, tanto nas dificuldades como na prosperidade: “As várias solicitações das criaturas não o perturbam na incessante luta da vida. Seu coração é como um santuário onde vive sempre em paz, unido a Deus". “
Quando nos acontece cometer alguma falta, é preciso que usemos de mansidão para conosco mesmos; irritar-se contra nós mesmos, após uma falta, não é humildade, mas refinada soberba, como se nós não fôssemos fracas e miseráveis criaturas. Dizia Santa Teresa: “A humildade de que inquieta nunca vem de Deus, mas do demônio”.
Zangar-se contra nós mesmos, após uma falta, é uma falta maior do que a cometida, e trará consigo muitas outras, pois nos fará deixar as práticas de piedade, a oração, a comunhão; e, se as fazemos, serão mal feitas. Dizia São Luís Gonzaga que não se enxerga na água turva e nela pesca o demônio. Uma alma perturbada pouco conhece a Deus e aquilo que deve fazer. É preciso, portanto, quando caímos em alguma falta, voltarmo-nos para Deus com humildade e confiança e, pedindo-Lhe perdão, dizer, como Santa Catarina de Gênova:
- Senhor, estas são as ervas do meu jardim!. Amo-Vos de todo o coração e me arrependo de Vos ter dado esse desgosto. Não quero mais fazê-lo, dai-me o Vosso auxílio.  

REC – REFLEXÕES E ESTUDOS CATÓLICOS – 01/08/2012