quarta-feira, 18 de julho de 2012

CASTIDADE



                                               
LOCAL: Capela Beato João Paulo II
A VIRTUDE DA CASTIDADE

“A castidade - a de cada um no seu estado: solteiro, casado, viúvo, sacerdote - é uma triunfante afirmação do amor.” (São Josemaria Escrivá).
É de suma importância ver a castidade como afirmação de amor, não meramente como negação do pecado da luxúria.
A castidade nos é dada como dom do Espírito Santo, primícia da Glória Eterna. Não é, portanto, como nos lembra o santo já citado, um fardo pesado, mas uma coroa triunfal para aqueles que se decidirem com firmeza a ter a vida limpa.
“Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos muito amados (Ef 5,1), é o que pede São Paulo nas Sagradas Escrituras. O mesmo afirma a Igreja, com seu Magistério infalível: ―todo batizado é chamado à castidade. O cristão se vestiu de Cristo‘, modelo de toda castidade. Todos os fiéis de Cristo são chamados a levar uma vida casta segundo seu específico estado de vida. No momento do Batismo, o cristão se comprometeu a viver sua afetividade na castidade.(Catecismo da Igreja Católica, 2348).

A VIVÊNCIA DA CASTIDADE

Adolph Tanquerey, em seu tratado de Teologia Ascética e Mística, A Vida Espiritual Explicada e Comentada, descreve quatro graus de prática da virtude castidade.
- O primeiro consiste em evitar consentir em qualquer pensamento, imaginação, sensação ou ação contrária à virtude.
- O segundo, indo além do apenas não consentir, busca afastar tais coisas, imediata e energicamente, não permitindo qualquer coisa que possa deslustrar o brilho desta virtude.
- Já no terceiro, adquirido após muita prática do amor de Deus, domina-se os pensamentos e sentidos a tal ponto que se pode falar sobre questões relativas à castidade aberta e serenamente, com grande paz.
- Por fim, à alguns poucos santos, por privilégio especial, é concedido não terem qualquer movimento desordenado. Por estes devemos dar glória ao Senhor, que manifesta sua grandeza e bondade com estas graças especiais dadas a poucos.

Podemos separar a vivência da castidade em três diferentes formas:

Castidade dos noivos

Afirma o Catecismo (2350): “Os noivos são convidados a viver a castidade na continência. Nessa provação eles verão uma descoberta do respeito mútuo, urna aprendizagem da fidelidade e da esperança de se receberem ambos da parte de Deus. Reservarão para o tempo do casamento as manifestações de ternura específicas do amor conjugal. Ajudar-se-ão mutuamente a crescer na castidade.”
A castidade na continência significa abster-se da relação sexual e dos prazeres sexuais desordenados até o matrimônio.

Castidade dos esposos

Afirma o Catecismo (2367-68): “A fidelidade exprime a constância em manter a palavra dada. Deus é fiel. O sacramento do Matrimônio faz o homem e a mulher entrarem na fidelidade de Cristo à sua Igreja. Pela castidade conjugal, eles testemunham este mistério perante o mundo.
Um aspecto particular desta responsabilidade diz respeito à regulação da procriação. Por razões justas, os esposos podem querer espaçar os nascimentos de seus filhos. Cabe-lhes verificar que seu desejo não provém do egoísmo, mas está de acordo com a justa generosidade de uma paternidade responsável. Além disso, regularão seu comportamento segundo os critérios objetivos da moral.”

- Fidelidade
Sobre isso são de muito proveito as palavras do Santo Padre, o Papa Bento XVI, quando se encontrou com os jovens no Brasil. Disse-lhes: “Tende, sobretudo, um grande respeito pela instituição do Sacramento do Matrimônio. Não poderá haver verdadeira felicidade nos lares se, ao mesmo tempo, não houver fidelidade entre os esposos. O matrimônio é uma instituição de direito natural, que foi elevado por Cristo à dignidade de Sacramento; é um grande dom que Deus fez à humanidade. Respeitai-o, venerai-o. Ao mesmo tempo, Deus vos chama a respeitar-vos também no namoro e no noivado, pois a vida conjugal que, por disposição divina, está destinada aos casados é somente fonte de felicidade e de paz na medida em que souberdes fazer da castidade, dentro e fora do matrimônio, um baluarte das vossas esperanças futuras.”

- Procriação
O Papa João Paulo II afirmou a totalidade da doação mútua que deve ter o casal: “esta totalidade, pedida pelo amor conjugal, corresponde também às exigências de uma fecundidade responsável, que, orientada como está para a geração de um ser humano, supera, por sua própria natureza, a ordem puramente biológica, e abarca um conjunto de valores pessoais, para cujo crescimento harmonioso é necessário o estável e concorde contributo dos pais.
Assim sendo, todo ato que vise por vias artificiais impedir o fim procriativo do ato conjugal, é grave ofensa a Deus, por desvirtuar o fim primordial desta união, impresso pelo próprio Deus desde a criação, que é a geração de filhos. Aos esposos é apenas lícito espaçar o nascimento dos filhos por justa causa, o que se dará somente através dos meios naturais que dispõem. Isso exigirá, certas vezes, períodos de continência, não deixando um pesado fardo apenas sobre um dos cônjuges. Exige cumplicidade, amor e respeito, fortalecendo os laços do matrimônio, que não se resumem ao ato sexual, “o que não conseguirá senão quem houver tomado o hábito de subordinar o prazer ao dever e de buscar na recepção freqüente dos sacramentos remédio para os apetites violentos da concupiscência.”

- A graça da castidade matrimonial
Para assegurar a vivência da castidade, contam os esposos com as graças específicas concedidas pelo Sacramento do Matrimônio. Além disso, devem buscar a prática conjunta de uma verdadeira devoção, especialmente através da oração em comum, pois por meio da oração poderão obter graças para superar todas as dificuldades e para nutrir eficazmente esta e todas as demais virtudes.
Tudo isso se resume nas palavras de São Paulo, ao dizer que a relação entre os esposos deve ser como a de Cristo com sua Igreja (Cf. Ef 5, 22-30). Que as mulheres se submetam aos seus maridos, não numa relação de escravidão, mas de confiança e amor, tal qual a Igreja se submete a Cristo. E que o marido se entregue por sua esposa, e a ame como Cristo amou a Igreja.

Celibato

Muitos são levados por Deus a abrirem mão deste bem que é o matrimônio por algo muito maior. São aqueles que “se fizeram eunucos por amor do Reino dos céus” (Mt 19,12). Neste sentido, continua o Papa Paulo VI na Encíclica acima citada: “Mas Cristo, Mediador dum Testamento mais excelente (Hb 8,6), abriu também novo caminho, em que a criatura humana, unindo-se total e diretamente ao Senhor e preocupada apenas com Ele e com as coisas que lhe dizem respeito (1Cor 7,33-35), manifesta de maneira mais clara e completa a realidade profundamente inovadora do Novo Testamento
“A sagrada virgindade e a perfeita castidade consagrada ao serviço de Deus contam-se sem dúvida entre os mais preciosos tesouros deixados como herança à Igreja pelo seu Fundador (Sua Santidade o Papa Pio XII, Carta Encíclica Sacra Virginitas). Desde os primeiros cristãos, este tesouro foi cultivado, havendo abundantes testemunhos dos Santos Padres sobre sua importância. Ele é guardado não somente por sacerdotes e religiosos, mas por uma legião de leigos.
A entrega da virgindade a Deus encontra fundamento nas palavras de Nosso Senhor, quando feita “por amor do Reino dos Céus (Mt 19,12). Desta forma, como já nos falava São Paulo, pode o cristão cuidar inteiramente das coisas de Deus, sem que fique divido com os cuidados que requer a vida conjugal (Cf. 1Cor 7,32-35).
É certo que o matrimônio é um bem, ou jamais teria sido elevado à dignidade sacramental. Entretanto, a virgindade ou celibato são mais excelentes que o matrimônio, porque é da sua consagração a Deus que vem sua dignidade, e não de si mesmos. Todos devemos buscar a fuga do pecado e a prática das virtudes, mas abrir mão de um ato lícito e bom, como é o matrimônio e a geração de filhos, encontra maior mérito diante de Deus. São “duas obras, da qual uma é boa e outra melhor, e ―a glória deste maior bem não se baseia em que se evita o pecado do matrimônio, mas pelo fato de ultrapassar o bem do matrimônio(AGOSTINHO, Santo: A Santa Virgindade. São Paulo: Paulus, 2000. p. 120 e 123).
Isso também decretou o Sacrossanto Concílio de Trento, ao estabelecer que “se alguém disser que o estado conjugal deve ser preferido ao estado de virgindade ou celibato, e que não é melhor ou mais valioso permanecer na virgindade ou celibato do que unir-se em matrimônio: seja anátema (Denzinger 1810, Concílio de Trento, Sess. XXIV, cân.10).
Assim, o dom da procriação não é vital ao ser humano, não constituindo uma necessidade. A perfeita castidade abstém-se deste dom, vivendo a perpétua continência, tendo em vista ocupar-se mais do bem divino. E nisso auxilia a constante educação do corpo, para que tenha somente o necessário e nunca atraiçoe, como meio para exercitar o controle de si e poder viver fielmente neste estado.
“O coração do homem é feito para amar; o sacerdócio ou o estado religioso não nos tira este lado afetuoso da nossa natureza, mas ajuda-nos a sobrenaturalizá-los. Se amarmos a Deus com toda a alma, se amarmos a Jesus sobre todas as coisas, sentiremos muito menos o desejo de nos expandir sobre as criaturas. [...] Em presença daquele que possui a plenitude da beleza, da bondade e do poder, todas as criaturas desaparecem e não têm encanto (TANQUEREY, Adolph: A Vida Espiritual Explicada e Comentada. Anápolis: Aliança Missionária Eucarística Mariana, 2007. p. 580).
  
PECADOS CONTRA A CASTIDADE SEGUNDO O CATECISMO

A luxúria é um desejo desordenado ou um gozo desregrado do prazer venéreo. O prazer sexual é moralmente desordenado quando é buscado por si mesmo, isolado das finalidades de procriação e de união.
Por masturbação se deve entender a excitação voluntária dos órgãos genitais, a fim de conseguir um prazer venéreo. "Na linha de uma tradição constante, tanto o magistério da Igreja como o senso moral dos fiéis afirmaram sem hesitação que a masturbação é um ato intrínseca e gravemente desordenado." Qualquer que seja o motivo, o uso deliberado da faculdade sexual fora das relações conjugais normais contradiz sua finalidade. Aí o prazer sexual é buscado fora da "relação sexual exigida pela ordem moral, que realiza, no contexto de um amor verdadeiro, o sentido integral da doação mútua e da procriação humana".
Para formar um justo juízo sobre a responsabilidade moral dos sujeitos e orientar a ação pastoral, dever-se-á levar em conta a imaturidade afetiva, a força dos hábitos contraídos, o estado de angústia ou outros fatores psíquicos ou sociais que minoram ou deixam mesmo extremamente atenuada a culpabilidade moral.
A fornicação é a união carnal fora do casamento entre um homem e uma mulher livres. É gravemente contrária à dignidade das pessoas e da sexualidade humana, naturalmente ordenada para o bem dos esposos, bem como para a geração e a educação dos filhos. Além disso, é um escândalo grave quando há corrupção de jovens.
A pornografia consiste em retirar os atos sexuais, reais ou simulados, da intimidade dos parceiros para exibi-los a terceiros de maneira deliberada. Ela ofende a castidade porque desnatura o ato conjugal, doação íntima dos esposos entre si. Atenta gravemente contra a dignidade daqueles que a praticam (atores, comerciantes, público), porque cada um se torna para o outro objeto de um prazer rudimentar e de um proveito ilícito, Mergulha uns e outros na ilusão de um mundo artificial. É uma falta grave. As autoridades civis devem impedir a produção e a distribuição de materiais pornográficos.
A prostituição vai contra a dignidade da pessoa que se prostitui, reduzida, assim, ao prazer venéreo que dela se obtém. Aquele que paga peca gravemente contra si mesmo; viola a castidade à qual se comprometeu em seu Batismo e mancha seu corpo, templo do Espírito Santo. A prostituição é um flagelo social. Envolve comumente mulheres, mas homens, crianças ou adolescentes (nestes dois últimos casos, ao pecado soma-se um escândalo). Se é sempre gravemente pecaminoso entregar-se à prostituição, a miséria, a chantagem e a pressão social podem atenuar a imputabilidade da falta.
O estupro designa a penetração à força, com violência, na intimidade sexual de uma pessoa. Fere a justiça e a caridade. O estupro lesa profundamente o direito de cada um ao respeito, à liberdade, à integridade física e moral. Provoca um dano grave que pode marcar a vítima por toda a vida. É sempre um ato intrinsecamente mau. Mais grave ainda é o estupro cometido pelos pais (incesto) ou educadores contra as crianças que lhes são confiadas.
A homossexualidade designa as relações entre homens e mulheres que sentem atração sexual, exclusiva ou predominante, por pessoas do mesmo sexo. A homossexualidade se reveste de formas muito variáveis ao longo dos séculos e das culturas. Sua gênese psíquica continua amplamente inexplicada. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves, a tradição sempre declarou que "os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados". São contrários à lei natural. Fecham o ato sexual ao dom da vida. Não procedem de uma complementaridade afetiva e sexual verdadeira. Em caso algum podem ser aprovados.
Os pecados contra a castidade são matéria grave.

                                                       REC – Reflexões e Estudos CATÓLICOS (18/07/2012)


quinta-feira, 5 de julho de 2012

SANTOS DOUTORES


                                                                                  LOCAL: Capela Beato João Paulo II
TEMA: SANTOS DOUTORES

                                O QUE SIGNIFICA SER DOUTOR DA IGREJA?
 Dentre seus milhares de santos e santas, a Igreja, até o presente momento, conferiu (desde 1298) apenas a trinta e três deles o título de “Doutor da Igreja”. A honra de ser Doutor da Igreja ultrapassa as linhas acadêmicas, pois diz respeito à vivência de uma rica espiritualidade que, de alguma maneira, contribuiu para que a Igreja compreendesse melhor o Mistério.
Ao longo de sua história, a Igreja contou com inúmeros exemplos de santidade e intimidade com Deus. No entanto, alguns destes santos se destacaram por terem vivenciado uma experiência espiritual tão profunda a ponto de conceder a Igreja, através de seus escritos e pensamentos, uma nova visão sobre determinada parte dos mistérios de Deus. Segundo o Papa João Paulo II, quando o Magistério proclama alguém Doutor da Igreja, tem em vista indicar a todos os fiéis que a doutrina professada e proclamada por uma determinada pessoa pode ser um ponto de referência, não só porque está em conformidade com a verdade revelada, mas também porque traz nova luz acerca dos mistérios da fé, uma compreensão mais profunda do mistério de Cristo.

                              ALGUNS EXEMPLOS DE SANTOS DOUTORES
 Santo Éfrem
 Este Doutor da Igreja, nascido no ano de 306 na cidade de Nisibi, atual Turquia, se caracteriza pela sua incrível capacidade de conciliar poesia e teologia. Por este motivo, ficou conhecido como “harpa do Espírito Santo”. O Papa Bento XVI afirmou a seu respeito: “Ao aproximar-nos de sua doutrina, temos de insistir desde o início nisso: ele faz teologia de forma poética. A poesia lhe permite aprofundar na reflexão teológica através de paradoxos e imagens. Ao mesmo tempo, sua teologia se torna liturgia, se torna música: de fato, era um grande compositor, um músico”. Suas poesias eram tão envolventes que se espalharam por todo o Oriente. Somente à Virgem Maria dedicou mais de vinte poemas.
Era diácono quando morreu em 373, e foi declarado Doutor da Igreja no ano de 1920 pelo Papa Bento XV.

Santo Agostinho
Nascido no ano de 354, em Tagaste, na Argélia, Santo Agostinho é um ícone da filosofia não só para os católicos como para todos os estudiosos da religião. Converteu-se ao cristianismo devido às orações e apelos de sua mãe, Santa Mônica e, desde então, tornou-se um dos maiores pensadores da era cristã. Foi ordenado bispo e até hoje é conhecido como o “Doutor da Graça”, tão profundas são suas reflexões sobre o tema. “Convertido a Cristo, que é verdade e amor, Agostinho o seguiu durante toda a vida e se converteu em um modelo para todo ser humano, para todos nós na busca de Deus”, disse o Papa Bento XVI a respeito deste santo, que é seu santo de devoção.
Santo Agostinho deixou célebres escritos, dentre eles, a famosa autobiografia “Confissões”, onde narra em perspectiva teológica toda sua vida desde a concepção.
Agostinho, que antes de sua conversão abraçara diversas correntes filosóficas, combateu muitas heresias após se aprofundar no conhecimento de Cristo, dada sua enorme capacidade intelectual.
Um dos escritos mais belos do santo é o poema “Tarde te amei”, que praticamente resume sua história:
“Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova!
Tarde demais eu te amei!
Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora!
Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas.
Estavas comigo, mas eu não estava contigo.
Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem.
Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez.
Fulguraste e brilhaste e tua luz afugentou a minha cegueira.
Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti.
Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz...”

Conta a Tradição que, certa vez, Santo Agostinho caminhava à beira mar pensando sobre o Mistério da Santíssima Trindade, quando avistou um menino que, com uma concha, colocava água num buraquinho que havia feito na areia. Aproximando-se, Agostinho perguntou: “Que estais fazendo?”. O menino lhe respondeu: “Estou colocando o mar nesse buraco”. “Tu não percebes que isso é impossível mesmo que trabalhes toda a vida? O mar é infinitamente grande. Jamais o irás conseguir colocar aí todo dentro desse pequeno buraco…”, disse o santo. Então, o menino, que na verdade era um anjo, lhe respondeu: “É mais fácil colocar toda a água do mar aqui dentro deste buraco que o homem conseguir entender o mistério da Santíssima Trindade”.

São Tomás de Aquino
Chamado de “Doutor Angélico”, São Tomás de Aquino é considerado pela Igreja como o “mais sábio dos santos e o mais santo dos sábios”. Para se ter uma ideia da importância de seus escritos para o estudo teológico, basta saber que durante o Concílio de Trento sua obra mais importante, a “Suma Teológica” foi colocada ao lado da Sagrada Escritura para simbolizar que era à luz da filosofia de São Tomás que a Bíblia deveria ser interpretada.
Nascido numa família rica no ano de 1224, deixou tudo para se tornar religioso. Apesar de muito concentrado nos estudos acerca de Deus, não deixava de se dedicar à vivência da espiritualidade. Por vezes, ao se deparar com alguma questão difícil a respeito de Deus, colocava sua cabeça dentro de um sacrário como que para ser iluminado pelo Senhor. Profundamente eucarístico, Tomás de Aquino escreveu diversos hinos de adoração. Quando o Papa Urbano IV criou a Festa de Corpus Christi, pediu que São Tomás de Aquino e São Boaventura escrevessem, cada um, o hino a ser proclamado na solenidade. No dia da apresentação, São Boaventura, depois de ouvir os versos feitos por Tomás, simplesmente rasgou o poema que tinha escrito em sinal de profunda admiração.
O Papa Bento XVI refere-se a São Tomás recordando um dos acontecimentos mais marcantes de sua vida: “A vida e o ensinamento de São Tomás de Aquino poderia se resumir em um episódio apanhado pelos biógrafos antigos. Enquanto o santo, como era seu costume, estava em oração perante o crucifixo, pelo início da manhã na Capela de São Nicolau, em Nápoles, Domingo de Caserta, o sacristão da igreja, sentiu desenvolver-se um diálogo. Tomás perguntava, preocupado, se o que havia escrito sobre os mistérios da fé cristã estava correto. E o Crucifixo respondeu: ‘Tu tens falado bem de mim, Tomás. Qual será tua recompensa?’. E a resposta que Tomás deu é a que nós também, amigos e discípulos de Jesus, sempre quisemos dizer: ‘Nada mais que Tu, Senhor’”.

Santa Catarina de Sena
Nasceu em Sena, na Itália, no ano de 1347, uma época em que a Igreja atravessava um período muito difícil. Santa Catarina, que figura entre as três mulheres doutoras da Igreja, era analfabeta. Seus escritos e cartas eram ditados e então enviados às autoridades, papas e seguidores. As extraordinárias experiências místicas de Catarina conferiram-lhe o título de Doutora. Sua obra: “O Diálogo”, apresenta a vida espiritual do homem em forma de conversas entre a alma humana e Deus Pai. Desde pequena Catarina tinha visões e fazia penitências e, aos 16 anos, entrou para a Ordem Terceira de São Domingos. Sofria de muitas doenças e praticamente não se alimentava, com exceção da Eucaristia.
Santa Catarina de Sena era privilegiada com o dom especial de sentir o denominado "horror ao pecado". Recair em alguma falta ou ofender a Deus eram-lhe mais repugnantes que qualquer outra coisa. Para ela, era preferível acordar com o corpo coberto de lepra que ofender de alguma maneira o amor de Deus. Pela graça, sentia até mesmo mau cheiro quando se deparava com orgulho, amor próprio, concupiscências. O pecado era para ela mais repugnante que qualquer podridão física, de modo que os sentia tão intensamente a ponto de chegar ao desmaio.
Um dos episódios mais impressionantes da vida da santa aconteceu quando tinha apenas 20 anos. Ela, em oração, durante o carnaval de 1367, pedia incessantemente a Cristo: "Casa comigo na fé!". Então, eis que lhe apareceu o Senhor e lhe disse: "Agora que os outros estão a divertir-se eu estabeleço celebrar contigo a festa da tua alma". Logo após, apareceu então a corte celeste, com os santos que Catarina mais amava. A Virgem Maria, ali presente, pegou então a mão da jovem e a uniu à mão de seu Filho. Jesus, então, coloca no dedo de Catarina um anel luminoso (que ela, e somente ela, continuou a ver durante toda sua vida) e disse-lhe: "Eu te esposo a Mim na fé, a Mim o teu Criador e Salvador. Conservarás imaculada esta fé enquanto não vieres para o céu celebrar Comigo as bodas eternas". Estava selada a aliança. Observando este casamento místico, compreende-se melhor de onde Catarina retirava suas inspirações. Seus escritos extremamente corajosos desafiavam a própria Igreja a rever algumas atitudes. Catarina de Sena é a prova maior que um Doutor da Igreja é qualificado pela graça divina, sendo o conhecimento acadêmico, neste caso, totalmente secundário.

Santa Teresa de Lisieux
Conhecida também como Santa Teresinha do Menino Jesus, é uma das mais populares santas do mundo. Nascida em 1873 em Aleçon, na França, entrou para a Ordem Carmelita com apenas 15 anos. Foi proclamada Doutora da Igreja pelo Papa João Paulo II em 1997 e é a mais jovem de todos os Doutores. Viveu apenas 24 anos, mas deixou um legado de ricas experiências espirituais. Desenvolveu a chamada "infância espiritual", percurso por onde vivia sua fé fazendo-se uma criança nos braços do Pai. Mesmo sem nunca ter saído dos muros do Carmelo, é considerada padroeira das Missões, pois alcançou toda a Igreja, especialmente os sacerdotes, com sua intercessão ainda em vida. Em sua autobiografia, "História de uma Alma", Teresa revela-se uma jovem humilde diante de Deus, sempre disposta a fazer dos pequenos sacrifícios, vias para agradar a Deus e elevar sua alma à perfeita santidade.
Muito admirada por toda a Igreja, Teresinha já foi considerada pelo Papa Pio X como "a maior santa dos tempos modernos".

                                      OS 33 DOUTORES DA IGREJA
      1.   Santo Afonso de Ligório
2.   Santo Agostinho
3.   Santo Alberto Magno
4.   Santo Ambrósio
5.   Santo Anselmo
6.   Santo Antônio de Pádua
7.   Santo Atanásio
8.   São Basílio Magno
9.   São Beda Venerável
10. São Bernardo
11. São Boaventura
12. Santa Catarina de Sena
13. São Cirilo de Alexandria
14. São Cirilo de Jerusalém
15. Santo Efrém
16. São Francisco de Sales
17. São Gregório Magno
18. São Gregório Nazianzeno
19. Santo Hilário de Poitiers
20. Santo Isidoro
21. São Jerônimo
22. São João Crisóstomo
23. São João da Cruz
24. São João Damasceno
25. São Leão Magno
26. São Lourenço Brindsi
27. São Pedro Canísio
28. São Pedro Crisólogo
29. São Pedro Damião
30. São Roberto Belarmino
31. Santa Teresa de Ávila
32. Santa Teresa de Lisieux
33. São Tomás de Aquino

                                                  NOVOS DOUTORES
No próximo dia 7 de outubro, o Papa Bento XVI irá nomear dois novos santos doutores: São João D’Ávila e Santa Hildegarda de Bingen.

                                                   REC – REFLEXÕES E ESTUDOS CATÓLICOS – 04/07/2012