quarta-feira, 28 de março de 2012

POBREZA


                                              Local: Capela Beato João PauloII
TEMA: POBREZA – CONSELHO EVANGÉLICO

DEFININDO POBREZA:  Podemos distinguir quatro tipos de pobreza:
1-    A pobreza material negativa: que desumaniza e é combatida; a pobreza como condição social padecida.
2-     A pobreza material positiva: que liberta e eleva; a pobreza como ideal evangélico a ser cultivado.
3-      A pobreza espiritual negativa: que é ausência dos bens do espírito e dos verdadeiros valores humanos.
4-     A pobreza espiritual positiva: feita de humildade e confiança em Deus, que é o mais belo fruto produzido na árvore da pobreza bíblica.
Nesse estudo, voltaremos nossa atenção para a pobreza material positiva, abordada pelo Frei Raniero Cantalamessa em seu livro “A pobreza”.

A POBREZA ASSUMIDA POR JESUS

A NOVIDADE DA POBREZA: A transição do Antigo para o Novo Testamento assinala um salto qualitativo: o Antigo Testamento nos apresenta um Deus “para os pobres”; o novo, um Deus que se faz pessoalmente “pobre”. No Antigo Testamento, Deus escuta, se compadece, e defende os pobres; mas só o Evangelho nos fala do Deus que se faz um deles, que adota para si a pobreza e a fraqueza: “Jesus Cristo, que, por vós, de rico que era, se fez pobre para vos enriquecer com sua pobreza” (2 Cor 8,9).

POR QUE JESUS SE FEZ POBRE?        Já que o mundo não reconheceu nem honrou a Deus quando Ele se revelava pelo esplendor, poder, sabedoria e riqueza das coisas criadas, então resolveu agora salvar a humanidade decaída por um meio oposto, com a pobreza, a fraqueza, a humildade e a estultícia. Resolveu revelar-se “sob o seu contrário” para contestar o orgulho e a sabedoria dos humanos.
O que se nega aqui não é a bondade da Criação e de todos os bens que a compõem, ou seja, a obra de Deus, mas o pecado que o homem acrescentou-lhe por própria conta. Na encarnação, o Verbo não se limita a assumir a natureza humana para elevá-la, tal como é, mas, sobretudo, contesta, corrige, acerta essa natureza revelando-lhe a íntima corrupção de que se sobrecarregou.
Em Cristo resplandece a pobreza em sua forma mais sublime que não é a de ser pobre (isto pode ser algo imposto ou herdado), mas a de fazer-se pobre, e fazer-se pobre por amor, para tornar ricos os outros.
A POBREZA DA IGREJA

A POBREZA COMO CONSELHO EVANGÉLICO:  Jesus nunca propôs a pobreza como uma “lei”, mas como um “conselho”, ou melhor, como “bem-aventurança”, como algo que atrai por meio da promessa de felicidade: “De fato, cada um é atraído pelo objeto do seu desejo” (Santo Agostinho).
É preciso pedir ao Espírito Santo que nos enamore da pobreza, pois quem dela está enamorado há de descobrir sem dificuldade as trilhas e maneiras de praticá-la.

A POBREZA ESCATOLÓGICA:  Vejamos, entretanto, como atua em concreto essa motivação, ou seja, por que o Reino justifica e exige a pobreza.
O Reino de Deus já está presente no mundo na pessoa e na pregação de Jesus, e é necessário não deixá-lo esvair-se, mas aferrá-lo, excluindo tudo o que lhe fizer obstáculo, inclusive, se for preciso, a mão e o olho (cf. Mt 18, 8s). Em outras palavras, é possível começar a viver desde agora como se há de viver na situação definitiva do Reino, onde os bens terrenos não terão valor algum, mas Deus será tudo em todos.
Esta pobreza escatológica afirma o primado do espírito sobre a matéria, do invisível sobre o visível, da eternidade sobre o tempo.
O cristão não tem aqui cidadania estável, pertence à outra cidade. Por isso, é um contra-senso para ele deixar-se prender aos bens do tempo presente que deverá abandonar de uma hora para outra. A motivação escatológica age agora sob a forma de “esperança” dos bens eternos.
Neste contexto, nasce o famoso ideal da “fuga do mundo”, com o qual o cristão antecipa, de uma forma ou de outra, sua saída do século presente. “Deixai resolutamente de parte toda a cupidez – exorta nesse sentido São Bernardo –. As coisas do mundo devem-se desprezar, não enquanto concedidas para ser usadas, mas enquanto causam a ruína de muita gente. Quem transporta pesos não corre agilmente: quem, pelo contrário, está desimpedido corre com velocidade e segurança maiores. O caminho é curto e não há porque sobrecarregar-se de coisas demasiadas para a viagem.”

A POBREZA NÃO NOS LEVA A DEUS, MAS DEUS NOS LEVA À POBREZA:            A melhor ilustração desta motivação escatológica, temo-la nas parábolas do tesouro escondido e da pérola preciosa: “O Reino do Céu é comparável a um tesouro que está escondido num campo e que um homem descobriu (...) e em sua alegria vai, põe à venda tudo o que tem e compra aquele campo” (Mt 13, 44s). Jesus não diz: “Um homem vende todos os seus bens e se põe à procura de um tesouro escondido”. Se alguém se pusesse a dizer isso, logo o teríamos na conta de um sonhador crônico que se põe periodicamente à procura de um misterioso tesouro escondido, acabando por perder tudo o que tinha sem nada encontrar. Não. Jesus diz que aquele homem vendeu tudo não para encontrar um tesouro, mas porque já o tinha descoberto. A pobreza não se escolhe para encontrar o Reino, mas porque o Reino foi descoberto. A pobreza não é um preço a ser pago pelo Reino; não é a causa de seu surgimento, mas o efeito.
Essa parábola, depois de ouvida, tem o poder todo particular de colocar o homem diante da “decisão do momento”, de não deixá-lo mais tranqüilo na própria mediocridade. Faz entrever a “troca admirável”, a oportunidade da vida. Exerce um fascínio. Age realmente “por atração”!

DEUS E O DINHEIRO:  Quem é, objetivamente, e não subjetivamente (isto é, nos fatos e não nas intenções), o verdadeiro inimigo, o rival de Deus neste mundo? Satanás? Mas homem algum resolve seguir a Satanás sem motivo... Quem o faz é porque acredita auferir disso algum benefício temporal. Quem é, na realidade, o outro senhor, o anti-Deus? Jesus no-lo diz claramente: “Ninguém pode servir a dois senhores: ou odiará a um e amará o outro ou se apegará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6, 24).
O dinheiro é o anti-Deus, porque instituiu uma espécie de mundo alternativo, inverte o objeto das virtudes teologais. Fé, esperança e caridade não são mais postas em Deus, mas no dinheiro. Produz-se uma sinistra troca de valores. “Nada é impossível a Deus”, dizem as Escrituras, e também: “Tudo é possível a quem crê”. Mas o mundo diz: “Tudo é possível a quem tem dinheiro”. E, num certo nível, todos os fatos parecem dar-lhe razão.

A LIÇÃO DE SÂO FRANCISCO DE ASSIS:  São Francisco estava caminhando com um jovem frade. Encontrando uma sacola de moedas pelo caminho, o jovem frade sugeriu a Francisco que o dinheiro fosse recolhido e doado aos pobres. Mas Francisco suspeitou tratar-se de uma armadilha do demônio. Em vez de embolsar as moedas, afastou-se um pouco e concentrou-se em orações. Em seguida, pediu ao companheiro que abrisse a sacola e, em vez das moedas, uma cobra enorme arrastou-se para fora. Uma lição da qual o jovem frade jamais se esqueceria. “Irmão, – disse-lhe Francisco – para os servos de Deus, o dinheiro não passa de um demônio, de uma cobra peçonhenta”.
REC – REFLEXÕES E ESTUDOS CATÓLICOS – 28/03/2012


JEJUM


                                             LOCAL: Capela Beato João Paulo II
TEMA: JEJUM E MORTIFICAÇÃO (PARTE 2)

                   POSICIONAMENTO DA CNBB EM RELAÇÃO AO TEMA

Jejum e Abstinência no Brasil - Texto Complementar da CNBB
Quanto aos Cân. 1251 e 1253 do Código de Direito Canônico:

1- Toda a sexta-feira do ano é dia de penitência, a não ser que coincida com solenidade do calendário litúrgico. Os fiéis nesse dia se abstenham de carne ou outro alimento, ou pratiquem alguma forma de penitência, principalmente obra de caridade ou exercício de piedade.

2- A quarta-feira de cinzas e a sexta-feira santa, memória da Paixão e Morte de Cristo, são dias de jejum e abstinência. A abstinência pode ser substituída pelos próprios fiéis por outra prática de penitência, caridade ou piedade, particularmente pela participação nesses dias na Sagrada Liturgia.
PRÁTICAS DE JEJUM

                                                A PÃO E ÁGUA:
QUEM PODE? Pessoas que não tenham nenhuma restrição quanto a saúde

REFEIÇÕES: Café da manhã (antes das 9hs). Pão e água no restante do dia, quando sentir fome ou sede. DICA: comer pão sírio ou pão integral, pois são mais substanciosos. Sem exageros.

ENCERRAR O JEJUM ÀS 18 HS. Não comer o pão e beber a água ao mesmo tempo. Eles, juntos, fermentam no estômago e provocam dor de cabeça. 

                                             JEJUM COMPLETO:
QUEM PODE: Pessoas que não tenham nenhuma restrição quanto a saúde e que já tenham praticado outros tipos de jejum.

REFEIÇÕES: Café da manhã. Depois, apenas água.

ENCERRAR O JEJUM ÀS 16 HS. Ser comedido e agir com sabedoria. Você não tem de nada a ninguém. Nem aos outros, nem ao Senhor.

                                           SOBRE O JEJUM
Santo Agostinho reconhece o valor espiritual e moral do jejum: “a abstinência purifica a alma, eleva a mente, subordina a carne ao espírito, cria um coração humilde e contrito, espalha as nuvens da concupiscência, extingue o fogo da luxúria e acende a verdadeira luz da castidade” (Sermão sobre a oração e o jejum).
São Paulo dá um sentido mais amplo ao jejum, inserindo-o nas práticas que nos ajudam a viver segundo o Espírito e não apenas segundo a carne: “Portanto irmãos, não somos devedores da carne, para que vivamos segundo a carne. De fato, se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras da carne, vivereis, pois todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8, 13-14).
BENEFÍCIOS DO JEJUM
· Disciplina a forma desordenada e irregular de comer e o mau hábito de beliscar entre as refeições, fumar, tomar café, chás, doces lanches e refrigerantes, a todo instante;
· Mantém a mente descansada, mais aberta e sensível às coisas espirituais;
· Aumenta a estabilidade mental e psicológica através do domínio das emoções, torna o corpo leve, ativo e incansável (a história demonstra que os filósofos pagãos, na Grécia antiga, para um melhor desempenho intelectual, jejuavam espontaneamente antes de entrarem em debates públicos).
- Estimula a partilha com generosidade e abrir o nosso coração à caridade, oferecendo aos necessitados aquilo que vem a sobrar em nossas despensas: “Boa coisa é a oração acompanhada de jejum, e a esmola é preferível aos tesouros de ouro escondidos” (Tb 12,8)
· Docilidade e abertura às inspirações do Espírito Santo;
· Maior silêncio, busca da meditação, confiança e disposição para a adoração;
· Libertação a partir da renúncia à gula, luxúria, preguiça e demais pecados capitais;
RESPEITO HUMANO
Algo muito presente em nossas vidas, que diversas vezes nos impede de testemunhar a fé é o chamado “respeito humano”: uma vergonha de assumir a identidade cristã, de denunciar uma má ação ou corrigir um irmão.

1º - Contentar a Deus, há de ser sempre tua principal preocupação.

O Padre Clemente Hoffbauer, a um senhor importante, que se ufanava da sua distinta posição, quis um dia fazer-lhe ver o que é o homem. Curvando-se para o chão, tomou um pouco de pó na mão e mostrou-lho com as seguintes palavras: "Vede, isto é o homem, uma mão cheia de pó!"
Mas, que é um punhado de pó confrontado com toda a terra, com suas planícies, colinas e montanhas? Como é incrivelmente minúsculo, comparado com os inumeráveis e incomensuráveis corpos celestes que há milhares de anos percorrem a sua órbita! Como é, infinitamente pequeno e insignificante, em face de Deus infinitamente grande e onipotente, que com simples ato da sua vontade, tudo chamou à existência e lha conserva de contínuo!
A este Deus infinitamente grande e soberano deves temer e, portanto, não ofender; mas o homem fraco e mesquinho, punhado de pó, não temas. Nunca sejas infiel ao teu dever, por causa de um tímido olhar humano, nem, por seu insípido escárneo, jamais pratiques ato algum pecaminoso.

2º - Guarda-te do respeito humano!
No dia do teu Batismo e Crisma te colocaste solenemente sob o estandarte de Jesus Cristo. Ao receber este Sacramento, prometeste firmemente, que sempre e em todas as circunstâncias, havias de te conservar fiel a Jesus Cristo e a sua Santa Igreja.
A bandeira de um rei da terra é muitas vezes defendida com grande coragem. Muitos soldados preferem sacrificar a própria vida entre ferimentos e dores atrozes, a entregar ao inimigo a bandeira do seu rei. Não deveria com igual, e mesmo com maior amor e entusiamo, defender a bandeira isto é, os santos interesses de Jesus Cristo? 
Intrepidez e firmeza é o que de ti espera o Senhor.
"Aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus; e o que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus" (Mat. 10,32).
Como católico, não tens realmente, nenhum motivo de te envergonhar da tua Igreja. Ainda não ouviste de certo, que uma jovem sadia e viçosa, se envergonhasse de sua próspera saúde, pelo fato de ter encontrado outra jovem desbaratada por alguma enfermidade contumaz.
Nunca viste um homem, com os membros íntegros e perfeitos, corar de vergonha por ver outro, que só podia mover-se com o auxílio de muletas.
Em suma: ninguém, que se tenha por sensato e racional, se envergonha jamais de uma boa ação.
Não tens, realmente nenhum motivo para te envergonhares da Santa Igreja que, no decurso de tantos séculos, manifestou uma admirável força divina; de todas as perseguições, até mesmo das mais violentas, saiu sempre vitoriosa; sempre rejuvenescida; sempre novamente robustecida; enquanto tudo, em derredor caía em ruínas, até mesmo os tronos e os reinos dos mais poderosos soberanos.
Não tens, realmente, nenhum motivo de te envergonhares de tua Santa Igreja que, em todos os contou entre seus filhos, grande número de homens os mais nobres, melhores e mais sábios, grandes heróis da virtude e benfeitores da humanidade. Não seria, pois, rematada loucura envergonhar-se dela?
Muito ao contrário, se lançares a tua vista para a nossa Igreja Católica, deves sentir-se possuído de um elevado sentimento de amável gratidão, pois a história de todos os tempos e de todos os povos jamais viu uma instituição tão grandiosa, tão magnífica e tão benfazeja como esta. Faze, pois, que te animem sempre aqueles grandes sentimentos de Santa Teresa, a qual ainda no seu leito de morte dizia:

"Meu Deus, eu Vos agradeço por ser filha da Vossa Igreja".

(Excertos do livro: A donzela cristã , do Pe. Matias de Bermscheid)

"Ama a Verdade, mostra-te como és, sem fingimentos, sem receios, sem respeito humano. Se a Verdade te custa a perseguição, aceita-a; se te custa o tormento, suporta-o. E se, pela Verdade, tivesses que sacrificar-te a ti mesmo e a tua vida, sê forte no sacrifício". 
São José Moscati
                                               REC – REFLEXÕES E ESTUDOS CATÓLICOS – 21/03/2012

INDULGÊNCIAS


                                                                                                                                                         LOCAL: Capela Beato João Paulo II
TEMA: INDULGÊNCIAS

O VALOR DAS INDULGÊNCIAS

Jubilosa e encantada, Santa Teresa, a Grande, viu certo dia subir radiante para o Céu a alma de uma religiosa que acabara de falecer. E ficou surpresa com o fato, por tratar-se de uma freira de vida muito simples. Depois, em um de seus colóquios com Nosso Senhor Jesus Cristo, Ele explicou-lhe o motivo desse privilégio: "Ela sempre teve grande confiança nas indulgências concedidas pela Igreja; e sempre se esforçou para ganhar o maior número possível delas".

O QUE É INDULGÊNCIA?

A indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, (remissão) que o fiel bem-disposto obtém, em condições determinadas, pela intervenção da Igreja que, como dispensadora da redenção, distribui e aplica por sua autoridade o tesouro das satisfações (isto é, dos méritos) de Cristo e dos santos.

PENA ETERNA E PENA TEMPORAL

Para compreender esta doutrina e esta prática da Igreja, é preciso admitir que o pecado tem uma dupla consequência. O pecado grave priva-nos da comunhão com Deus e, consequentemente, nos toma incapazes da vida eterna; esta privação se chama "pena eterna" do pecado. Por outro lado, todo pecado, mesmo venial, acarreta um apego prejudicial às criaturas que exige purificação, quer aqui na terra, quer depois da morte, no estado chamado "purgatório". Esta purificação liberta da chamada "pena temporal" do pecado. Essas duas penas não devem ser concebidas como uma espécie de vingança infligida por Deus do exterior, mas, antes, como uma conseqüência da própria natureza do pecado.
Quando o pecado é mortal, a pena devida é a condenação eterna ao fogo do inferno. A Confissão bem feita não só apaga a grave ofensa feita a Deus, mas também livra o pecador da pena eterna. Não o livra, porém da pena temporal. Ele deverá fazer uma expiação para purificar sua alma das seqüelas do pecado, reparar pela glória de Deus ofendida, restaurar os danos causados à sociedade e à integridade da ordem universal.
Dá-se a essa expiação o nome de pena temporal, porque ela é limitada por um tempo, ou seja, não é eterna. O pecador a cumprirá, ou voluntariamente nesta terra, por penitências e boas obras, ou pelos sofrimentos purificadores do Purgatório, fixados para cada alma segundo a justíssima e santíssima Sabedoria divina.

Aqui entra a importância das indulgências. Elas redimem, isto é, apagam a pena temporal devida pelos pecados mortais já perdoados na Confissão, e pelos pecados veniais. O homem que morre em estado de graça e tenha recebido uma indulgência plenária, vai diretamente para o Céu, sem passar pelo Purgatório.


INDULGÊNCIA PLENÁRIA E INDULGÊNCIA PARCIAL

Há duas categorias de indulgências: a plenária redime a totalidade das penas temporais devidas por uma alma; a parcial redime apenas parte dessas penas.
Qual o tamanho dessa parte? Depende da piedade de cada alma em questão. Eis o que diz o Manual das Indulgências, publicado pela CNBB: "O fiel que, ao menos com o coração contrito, faz uma obra enriquecida de indulgência parcial, com o auxílio da Igreja, alcança o perdão da pena temporal, no mesmo valor ao que ele próprio já ganha com sua ação". Ou seja, em outros termos, quando alguém pratica um ato piedoso ou reza uma oração, Deus lhe concede a remissão de uma certa parte de suas penas temporais. Se esse ato ou essa oração é enriquecido pela Igreja de indulgência parcial, Deus dobra o valor da remissão concedida. Então, quanto mais fervor houver na oração, maior será a parte da pena redimida. O fiel precisa também ter intenção, ao menos genérica, de ganhá-la, e deve praticar o ato prescrito para tal.

PLENÁRIA
Pode-se ganhá-la apenas uma vez em cada dia; só em artigo de morte é possível lucrar mais uma no mesmo dia. Para receber uma indulgência plenária, é preciso confessar-se, comungar e rezar (um Pai-Nosso e uma Ave- Maria) nas intenções do Sumo Pontífice.
Uma confissão vale para várias indulgências, cada comunhão vale apenas para uma. Convém que a comunhão e a oração sejam no mesmo dia, mas podem ser em dias diferentes, tanto antes quanto depois da execução da obra prescrita.

                        São as seguintes as "obras prescritas" mais comuns: 

1 - Adoração ao Santíssimo Sacramento, de pelo menos meia hora.
2 - Leitura espiritual da Sagrada Escritura, pelo menos por meia hora.
3 - Exercício da Via-Sacra, quando feito piedosamente, percorrendo as 14 estações do caminho do Calvário legitimamente eretas.
4 - Recitação do Rosário de Nossa Senhora na igreja, no oratório, na família, na comunidade religiosa ou numa piedosa associação.
5 - Receber com piedade e devoção a bênção dada pelo Sumo Pontífice a Roma e ao mundo; é válida a bênção recebida por rádio ou televisão.
Além desses, há mais de vinte outros atos enriquecidos com indulgência plenária, quando praticados em determinados dias ou circunstâncias. Por exemplo, dia de Finados, na primeira Missa de um sacerdote, etc.

PARCIAL
O fiel lucrará indulgência parcial toda vez que, estando ao menos de coração contrito, rezar a oração ou executar a ação indulgenciada. Pode-se, portanto, lucrá-la um número indeterminado de vezes ao dia, dependendo apenas do empenho de cada fiel.

                                   Ganha indulgência parcial: 

1 - Quem, no cumprimento de seus deveres e na tolerância das aflições da vida, ergue o espírito a Deus com humilde confiança e faz uma piedosa invocação, mesmo que brevíssima e só em pensamento. Por exemplo: "Creio" - "Meu Deus!" - "Confio em Vós". Qualquer um que esteja "no cumprimento do dever e na tolerância das aflições da vida" pode repetir uma invocação dessas mais de mil vezes num só dia! 

2 - Quem, levado pelo espírito de fé, e com o coração misericordioso, faz um sacrifício no serviço dos irmãos que sofrem falta do necessário. Assim, dar alimento ou roupa a um pobre, visitar um doente, consolar os que sofrem, ensinar alguém a rezar, reconduzir às atividades paroquiais algum católico não-praticante - todos esses atos são exemplos de boa obra no serviço dos irmãos necessitados.

3 - Quem se abstém de coisa lícita e agradável, em espírito espontâneo de penitência. Podem ser atos simples, como deixar de comer uma fruta, etc.

4 - Há também um grande número de orações e atos enriquecidos com indulgência parcial: todas as ladainhas aprovadas pela autoridade competente, o Creio em Deus, o Magnificat, a Salve Rainha, o Santo Anjo, o Lembrai-Vos, o Salmo 50 (Senhor, tem piedade), o sinal-da-cruz, a comunhão espiritual, etc.

Lucra ainda indulgência parcial o fiel que usa objetos de piedade (rosário, crucifixo, escapulário, medalha) bentos por qualquer sacerdote ou diácono.

                        ORIGEM DAS INDULGÊNCIAS

O uso das indulgências teve sua origem já nos primórdios da Igreja. Sabemos que na Igreja antiga dos primeiros séculos, a absolvição dos pecados só era dada aos penitentes que se acusassem dos próprios pecados e se submetessem a uma pesada penitência pública; por exemplo, jejum de quarenta dias até o pôr do sol, trajando-se com sacos e usando o silício, autoflagelação, retirada para um convento, vagar pelos campos vivendo de esmolas, etc., além de ser privado da participação na Liturgia eucarística e na vida comunitária. Isto era devido ao “horror” que se tinha do pecado e do escândalo. Aquele que blasfemasse o nome de Deus, da Virgem Maria, ou dos santos, ficava na porta da igreja, sem poder entrar, sete domingos durante a missa paroquial, e, no último domingo ficava no mesmo lugar sem capa e descalço; e nas sete sextas-feiras precedentes jejuava a pão e água, sem poder neste período entrar na igreja. Aquele que rogasse uma praga aos pais, devia jejuar quarenta dias a pão e água... Essas pesadas penitências, e outras, tinham o objetivo de extinguir no penitente os resquícios do pecado e as más inclinações que o pecado sempre deixa na alma do pecador, fazendo-o voltar a praticá-lo. Na fase das perseguições dos primeiros séculos, quando era grande o número de mártires, muitos cristãos ficavam presos e aguardando o dia da própria execução. Surgiu nesta época um belo costume: os penitentes recorriam à intercessão dos que aguardavam presos a morte. Um deles escrevia uma carta ao bispo pedindo a comutação da pesada penitência do pecador; eram as chamadas “cartas de paz”. Com este documento entregue ao bispo, o penitente era absolvida da pesada penitência pública que o confessor lhe impusera, e também da dívida para com Deus; a pena temporal que a penitência satisfazia. Assim, transferia-se para o pecador arrependido, o valor satisfatório dos sofrimentos do mártir.
Desta forma começou o uso da indulgência na Igreja.
Muitas vezes os penitentes não tinham condições de saúde suficiente para cumprir essas penitências tão pesadas; e isto fez com que a Igreja, com o passar do tempo, em etapas sucessivas e graduais, fosse abrandando as penitências. Na idade média, a Igreja, com a certeza de que ela é a depositária dos méritos de Cristo, de Nossa Senhora e dos Santos, o chamado “tesouro da Igreja”, começou a aplicar isto aos seus filhos pecadores. Inspirados pelo Espírito Santo, os Papas e Concílios, a partir do século IX, entenderam que podiam aplicar esses méritos em favor dos penitentes que deviam cumprir penitencias rigorosas. Assim, surgiram as “obras indulgenciadas”, que substituíam as pesadas penitencias. O jejum rigoroso foi substituído por orações; a longa peregrinação, por pernoitar em um santuário; as flagelações, por esmolas; etc.. A partir daí, a remissão da pena temporal do pecado, obtida pela prática dessas “obras indulgenciadas”, tomou o nome de “indulgência”. Nos exemplos das pesadas penitências públicas citadas acima, elas eram substituídas, respectivamente, por uma indulgência de sete semanas e por uma indulgência de 40 dias; por isso as indulgências eram contadas em dias, semanas e meses, porque assim, eram também contadas as penitências públicas.
Com o passar do tempo, e principalmente por causa da “questão das indulgências” no tempo de Martinho Lutero (explicado adiante), no século XVI, as indulgências foram ofuscadas e tornaram-se objeto de críticas. No entanto, após o Concílio Vaticano II (1962-65), o Papa Paulo VI reafirmou todo o seu valor, na Constituição Apostólica Indulgentiarum Doctrina, onde quis claramente mostrar o sentido profundo e teológico das indulgências; incitando os católicos ao espírito de contrição e penitência que deve movê-los ao realizar as obras indulgenciadas, removendo toda a aparência de mecanicismo espiritual que no passado aconteceu.
                                   REC – REFLEXÕES E ESTUDOS CATÓLICOS – 07/03/2012

terça-feira, 27 de março de 2012

CONTRIÇÃO


Local: Capela Beato João Paulo II

TEMA: A CONTRIÇÃO DOS PECADOS

O QUE É A LEGÍTIMA CONTRIÇÃO?

Contrição é uma dor da alma e uma detestação dos pecados cometidos. Deve acompanhá-la o propósito, quer dizer, uma firme vontade de emendar a vida e de não mais pecar. Para que a contrição seja legítima, deve ser interna e estar na alma, isto é‚ que não seja uma mera expressão feita com os lábios e sem reflexão.

Segue-se que a contrição, como todo o bem, deve proceder de Deus e da sua graça, e, com a graça de Deus, desenvolver-se na alma. Porém, não tenhas receio; basta que a peças, basta que tenhas boa vontade e te arrependas por algum motivo legítimo, sobrenatural, e Deus te dará a graça necessária.

Se o motivo se funda na natureza ou somente na razão (por exemplo, nos danos temporais, na vergonha, doença, etc.), é muito fácil que a dor seja puramente natural e sem mérito; porém, se o motivo da contrição é alguma verdade da Fé, por exemplo: o inferno, o purgatório, o céu, Deus, etc., então a contrição é legítima, sobrenatural.

DIFERENÇA ENTRE CONTRIÇÃO PERFEITA E CONTRIÇÃO IMPERFEITA (ATRIÇÃO)

A contrição legítima e sobrenatural pode, por sua vez, ser de duas classes: perfeita  e  imperfeita.

Em poucas palavras, a contrição perfeita procede do amor: o pecador se arrepende pelo fato de ter ofendido a Deus, infinitamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas.

Imperfeita é a contrição que decorre do temor: a pessoa abomina o pecado pelo medo de perder o Céu e ser lançada no inferno. Por que é chamada de imperfeita? Porque nela o pecador toma em consideração principalmente a si mesmo, e não a Deus.

CONTRIÇÃO E CONFISSÃO

Que pela contrição perfeita o pecador obtém o perdão dos seus pecados antes mesmo de confessar-se é doutrina afirmada no Concílio de Trento (14ª sessão, cap. 4).
Entretanto, adverte o mesmo Concílio, ela não dispensa o pecador da necessidade de acusar-se de todos os seus pecados mortais no Sacramento da Confissão e de receber a absolvição do ministro de Deus. De modo que no próprio ato de contrição perfeita deve estar incluído o propósito de confessar-se. Quanto tempo depois? É pelo menos muitíssimo aconselhável confessar- se logo que possível.

EXEMPLO DE CONTRIÇÃO PERFEITA

Com um exemplo o verás melhor. Quando São Pedro negou o Divino Salvador, saiu fora e “chorou amargamente” (Lc 22, 62). — Por que chora São Pedro? É, porventura, pensando na vergonha que vai ter diante dos outros apóstolos? Se assim fosse, a sua dor teria sido puramente natural e sem mérito.
É porque receia que seu Divino Mestre lhe tire, como ele merece, o cargo de Apóstolo e Superior e o expulse do seu reino? Então seria boa contrição, mas somente imperfeita.
Mas, não; Pedro arrepende-se e chora, antes de tudo, porque ofendeu a seu amado Mestre, tão bom, tão santo, tão digno de ser amado e por ser tão desagradecido ao seu imenso amor por ele. Tem, pois, verdadeira e perfeita contrição.

EXERCITARMOS A CONTRIÇÃO DIARIAMENTE

O Padre Johann von den Driesch sugere, entre outras, esta curta oração: "Senhor, dai-me a graça do perfeito arrependimento, da perfeita contrição dos meus pecados". A quem assim pede, com boa vontade e de coração sincero, Deus não deixará de atender.
Dir-se-á, então, que a contrição perfeita beneficia apenas a quem cometeu pecado mortal. Não é verdade, pois ela robustece o estado de graça naqueles que não o perderam. Cada ato de contrição perfeita aumenta o grau da graça santificante em nossa alma, tornando-a mais formosa aos olhos de Deus! Saibamos bem aproveitar esta dádiva celeste, procurando fazer diariamente muitos atos de contrição perfeita. Pois, além dos benefícios enumerados acima, quem se habitua a fazê-los com freqüência os repetirá, por assim dizer, instintivamente na hora da morte.
                              REC – REFLEXÕES E ESTUDOS CATÓLICOS – 29/02/2012